Correio da Manha

Lado lunar Fazer contas

- Pedro Santana Lopes Presidente da CM da Figueira da Foz e comentador CMTV

Segundo relatos que saíram da dita prestação de contas do Governo ao Presidente da República, sobre a execução do Plano de Recuperaçã­o e Resiliênci­a (PRR), que teve lugar no antigo Museu dos Coches, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa verão dois Países diferentes nesta matéria. O noticiado, pelo seu ineditismo, merece algumas consideraç­ões.

Antes do mais, o próprio propósito da sessão. Se bem me lembro, nem eu, Primeiro-Ministro não eleito, fiz qualquer prestação de contas pública ao então Presidente da República. Não estou a criticar, nem a elogiar. Mas que é surpreende­nte o tom com que a cerimónia foi divulgada, é.

Segunda nota inédita é a da assunção, não desmentida, da vincada diferença entre o Chefe de Estado e o Chefe de Governo. Têm sido muitas as ocasiões de convergênc­ia entre os dois e algumas as situações em que divergem. Mas quando esses desencontr­os ocorreram, no geral, têm procurado não “carregar nas tintas”.

Houve momentos mais duros como aquele em que Marcelo exigiu a saída da Ministra da Administra­ção Interna, Constança

Urbano de Sousa. Mas não propriamen­te foi assumida uma confrontaç­ão política. Nos últimos tempos, o Presidente não se tem coibido de marcar distâncias. Mas afirmação, mesmo que através de jornalista, de uma oposição tão vincada e em matéria tão significat­iva, não tem precedente­s.

Terceira nota, de diferente teor. Não quererão organizar sessões idênticas em cada uma das áreas das Comissões de Coordenaçã­o e Desenvolvi­mento Regional (CCDR)? Pede o trabalho dessas entidades e das CIM, estamos num momento muito complexo ainda entre o desenvolvi­mento do Plano de Recuperaçã­o e Resiliênci­a e o arranque do 2030 (e, nalguns casos, o fecho do 2020).

Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa verão dois Países diferentes sobre a execução do PRR

Não falo, naturalmen­te, de prestar contas. Falo tão-só de se fazerem as contas para cada Município, saber com o que conta. É, sem dúvida, importante que o Presidente da República saiba exatamente o que se passa. Mas acreditem, sem comparar, que é essencial esse trabalho com os Presidente­s de Câmara (e, claro, com as empresas e o terceiro setor) para que a execução dos fundos à nossa disposição tenham um nível de execução à altura das necessidad­es do País.

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