Correio da Manha

“Quero descobrir quem sou”

SEMELHANÇA­S Julia, tal como Maddie, sabe tocar piano, algo que a menina estava a aprender quando desaparece­u ª DÚVIDAS A jovem diz que não tem qualquer fotografia em criança e não sabe porquê

- Tânia Laranjo /Diana Cardoso Adrian Negura /Marc Ricardo Silva Enviados especiais Polónia

Textos

Imagem u É com um olhar tímido e a voz sumida que Julia fala do que seria saber que era Madeleine McCann. A jovem polaca, de 21 anos, garante que gostava de manter o contacto com as duas famílias, mas que precisa de conhecer a verdade. “Quero descobrir quem sou”, assegura, uma descoberta que poderá agora estar mais perto, após a família McCann defender a realização de um teste de ADN (ver texto na outra página). Julia fala com o CM enquanto toca piano e improvisa uma música para os pais que já sonha ter. Esta é outra caracterís­tica que Julia partilha com Maddie. Sabe tocar piano, algo que a menina inglesa estava a aprender quando desaparece­u. A jovem polaca diz que a música a preenche e que se sente outra quando deixa as emoção fluírem ao som das teclas brancas. “Sinto-me feliz”, afirma. Em Lubin, a terra onde agora vive com o namorado, Julia tenta manter as rotinas, enquanto espera que os testes de ADN sejam feitos. Só estes podem dizer de onde veio, se foi roubada ao casal

“A POLÍCIA IGNOROU-ME, TENTEI TODAS AS FORMAS, MAS NINGUÉM ME DEU OUVIDOS”, DIZ

inglês quando passavam férias no Algarve: “Tenho uma memória nítida de umas férias num país quente. Não me lembro de quem estava comigo, mas recordo-me das casas brancas perto da praia.”

Sobre as críticas de que quer protagonis­mo, Julia tem resposta pronta. Diz que não está a mentir e que cada vez faz mais sentido ser Maddie. “Não tenho uma única fotografia de criança, mas há várias da minha irmã. Já perguntei à minha mãe porquê, mas ninguém me responde.”

Julia está abalada psicologic­amente. Chora ao longo da entrevista e mostra a mágoa por dizerem que ela é louca. “Cheguei a estar internada, mas os médicos dizem-me que agora estou bem. E só eu sei há quanto tempo penso nisto e sei o quanto faz sentido”,

afirma. Para Julia, a espera é um suplício. A demora em saber a verdade tortura-a, a abordagem de desconheci­dos deixa-a baralhada. “Eu não quero fazer mal a ninguém. Muito menos aos McCann”. Julia diz que decidiu recorrer às redes sociais porque a polícia a ignorou. “Tentei todas as formas, mas ninguém me deu ouvidos. Foi

a maneira que encontrei do meu caso vir a público”, explica, justifican­do a criação da página `Eu sou Madeleine McCann'. Entretanto, uma associação anunciou que vai entregar um abaixo-assinado com 100 mil assinatura­s no Parlamento inglês. O objetivo é obrigar o casal a comparar o perfil genético com o de Julia, caso desistam de o fazer.

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Julia acredita que pode ser Maddie, a menina desapareci­da em 2007, na Praia da Luz, no Algarve

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