Correio da Manha

Padre e amante julgados por desviarem 800 mil € a órfãos

CRIME Pároco e gestora escolhida por ele vão ser julgados por abuso de confiança e branqueame­nto de capitais que lesaram Instituiçõ­es Particular­es de Solidaried­ade Social LUXO Montantes desviados durante anos serviram para comprar Porsche de 167 mil euro

- João Carlos Rodrigues

u Durante anos, o padre responsáve­l por seis Instituiçõ­es Particular­es de Solidaried­ade Social (IPSS) nas zonas de Odivelas e de Loures, mas também em São Tomé e Príncipe, desviou quase 800 mil euros destinados a apoiar quem mais precisava. Idosos e órfãos ficaram sem nada, funcionári­os foram despedidos e serviços de apoio aos mais necessitad­os foram fechados para que o padre Arsénio

Isidoro e a amante Ana Cristina Gabriel alimentass­em a vida de luxo. Viagens, um Porsche Panamera de 167 mil euros, um barco, uma vivenda em Peniche, mariscadas e uma lista infindável de despesas pagas com dinheiro que seria destinado a apoiar os mais pobres são agora base da acusação do Ministério Público (MP). Ambos os arguidos respondem por abuso de confiança e branqueame­nto de capitais.

De acordo com o documento do Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, o padre Arsénio começou, em 2007, a assumir a presidênci­a de várias IPSS nos arredores de Lisboa e em todas colocou Ana Cristina Gabriel com as funções de tesoureira ou administra­tiva, o que permitia o controlo total das contas bancárias. O esquema durou até 2016, quando o padre Arsénio foi detido pela Polícia Judiciária. Segundo o MP, a entrada para o Porsche Panamera, no valor de dez mil euros, foi paga com um cheque do Instituto de Beneficênc­ia Maria da Conceição Ferreira Pimentel (Sãozinha). As prestações, de quase mil euros cada, foram pagas pelas outras IPSS que o padre dirigia. O carro de luxo, avaliado em 167 mil euros, acabou por ser vendido por 50 mil em 2014. Esta viatura chegou a ser usada pelos dois arguidos quando escolhiam um terreno na zona de Peniche, que acabaram por comprar e onde iniciaram a construção de uma casa com piscina, tudo à custas das mesmas IPSS. Mas o rol de despesas sem fundamenta­ção chega a elencar um barco, que acabou `exportado' para São Tomé e Príncipe, onde os arguidos passavam férias uma vez por ano.

FUNCIONÁRI­OS FORAM DESPEDIDOS E LAR PARA CRIANÇAS ACABOU ENCERRADO

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Social
Arsénio Isidoro era responsáve­l por seis Instituiçõ­es Particular­es de Solidaried­ade Social

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