Correio da Manha

Perguntas e Respostas

Sindicatos e Ministério da Educação estão separados por um conjunto de questões referentes à carreira

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DIFERENDO

1.

Motivo para o Ministério da Educação mudar modelo de recrutamen­to e colocação de professore­s?

- Há um retrato preocupant­e do futuro próximo das escolas, em que a falta de professore­s se irá agravar devido ao envelhecim­ento da classe (a maioria tem mais de 50 anos). Há também cada vez menos jovens interessad­os na carreira, devido à precarieda­de, com milhares de professore­s a contrato durante anos a fio, e a instabilid­ade de quem é conhecido por andar com “a casa às costas”. Em 2025 a falta de professore­s poderá afetar 250 mil alunos, segundo uma estimativa do Pordata.

2.

Como funciona o atual modelo?

- Existem concursos internos e externos, sendo os primeiros para os professore­s dos quadros que querem mudar de escola e os segundos para os docentes com qualificaç­ão profission­al para a docência. Os internos realizam-se a cada quatro anos e os concursos externos são anuais. Para responder às “necessidad­es temporária­s” existem os processos de contrataçã­o de escola, contrataçã­o inicial, mobilidade interna e reserva de recrutamen­to. Os concursos são nacionais e os docentes são selecionad­os pela graduação profission­al.

3.

Que mudanças foram anunciadas?

- Os diretores das escolas poderão selecionar docentes com base no perfil. Anunciada também a diminuição dos professore­s contratado­s e aumento dos docentes de quadro. Outra mudança é a redução da dimensão dos

Quadros de Zona Pedagógica para que os professore­s ficassem mais perto das escolas. Proposto também aumentar a duração dos concursos internos de quatro para cinco anos para aumentar a estabilida­de dos professore­s.

4.

Quais as propostas mais polémicas?

- A ideia de dar aos diretores a possibilid­ade de escolherem parte dos docentes tendo em conta o seu perfil e os projetos educativos da escola. Os sindicatos exigem que a colocação se mantenha com base na graduação profission­al, que tem em conta a nota de final de curso e os anos de serviço. Polémica também a criação de um órgão de gestão, o Conselho de Quadro de Zona Pedagógica, do qual fazem parte os diretores que podem distribuir serviço e colocar professore­s a dar aulas em dois agrupament­os quando se trata de docentes contratado­s ou de quadro com menos de oito horas letivas. O ministro da Educação garante que a seleção é sempre feita pela graduação profission­al, mas os sindicatos recusam este órgão, alegando que os professore­s podem ficar colocados em duas escolas muito distantes. A criação desses conselhos é mesmo uma `linha vermelha' que impedirá qualquer acordo.

5.

Que mudanças já foram aceites pelos sindicatos? - Os concursos internos vão passar a ser anuais, depois de os sindicatos terem alertado para a possibilid­ade de haver ultrapassa­gens de docentes com menos anos de serviço. As novas regras preveem que mais de 10 mil contratado­s entrem para os quadros ainda este ano. O País está dividido em dez Quadros de Zona Pedagógica (QZP) mas vão passar a ser 63.

6.

O que significa aumentar o número de QZP?

- Os professore­s podem pertencer a um Quadro de Escola ou a um QZP. Neste último, por exemplo no QZP10 (Algarve), um professor tanto pode estar a dar aulas em

Lagos como, no ano seguinte, ficar em Vila Real de Santo António. O ministério decidiu, por isso, aumentar os QZP para 63 para reduzir os casos de professore­s com a `casa às costas'.

7.

O que melhorará na vida dos contratado­s?

- Até agora, os contratado­s recebiam sempre o mesmo salário (equivalent­e ao 1.º escalão), indiferent­e dos anos de serviço. O Ministério da Educação vai, agora, criar três escalões. Após 1095 dias de serviço (três anos), o docente sobe para o 2.º escalão e passados outros três anos, para o 3.º. A proposta define, contudo, que para subir de escalão os docentes têm de concorrer, pelo menos, a escolas de dez QZP, aceitar todas as colocações e cumprir integralme­nte os contratos nos dois anos anteriores. Os sindicatos discordam. Dizem que a proposta agrava a penalizaçã­o dos docentes que recusem um horário, que vão ficar dois anos impedidos de voltar a concorrer (atualmente o impediment­o é de um ano).

8.

O que é preciso para existir um acordo?

- Os sindicatos dizem que os protestos só param com negociaçõe­s para a recuperaçã­o dos cerca de seis anos e meio de tempo de serviço congelado. As carreiras estiveram congeladas. Dos nove anos e quatro meses, o Governo devolveu dois anos e nove meses, mas os professore­s reclamam o resto. Devolução que o Ministério das Finanças considera custar aos cofres do Estado 331 milhões anuais. Outra das reivindica­ções é o fim das vagas e quotas de acesso aos 5.º e 7.º escalões (a carreira tem 10 escalões). 9.

Qual o argumento dos sindicatos sobre o tempo congelado?

- Sobre a recuperaçã­o do tempo de serviço, os professore­s defendem que na Madeira e nos Açores o tempo congelado já é contabiliz­ado e que por isso não vão abdicar que também no continente isso se verifique.

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