Ricardo Ramos
u O Presidente russo, Vladimir Putin, voltou ontem a agitar o fantasma nuclear para tentar intimidar o Ocidente, anunciando a suspensão da participação russa no Tratado Novo START e ameaçando retomar os testes nucleares. Na semana em que se assinala o primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, Putin voltou ainda a culpar o Ocidente pela guerra e advertiu que é “impossível” derrotar a Rússia.
“As elites ocidentais não escondem o seu propósito. Querem transformar um conflito local numa confrontação global. Sabemos isso e reagimos de forma apropriada porque o que está em causa é a existência do nosso país. Mas também devem saber que é impossível derrotar a Rússia no campo de batalha”, afirmou Putin num discurso em que voltou a acusar o Ocidente de querer “destruir a Rússia” e de ignorar as tentativas de Moscovo para procurar uma solução negociada antes da invasão. Sobre a guerra, Putin garantiu que a Rússia “irá até ao fim” e “alcançará os seus objetivos”.
Mas o tom principal do discurso foi, mais uma vez, a chantagem nuclear, como ficou claro com o anúncio da suspensão do Tratado Novo START, que limita a 1550 o número de ogivas operacionais das duas potências. Este acordo, assinado em 2010 e que permite a realização de inspeções aos respetivos arsenais, é o instrumento que resta da arquitetura de controlo nuclear pós-Guerra Fria e a retirada da Rússia levaria a uma corrida sem controlo às armas nucleares.
O discurso inflexível de Putin surge dias antes de a China apresentar, sexta-feira, o seu plano de paz para a Ucrânia.