Escutas tramam ciclistas dopados
ACUSAÇÃO `Branca', `Riscos', `Força' e `Feminina' eram alguns dos códigos usados para falarem das substâncias ilícitas ª CRIMES Três dirigentes e dez corredores da W52-FC Porto foram acusados
u Ao longo de um ano, ciclistas e dirigentes da W52-FC do Porto foram alvo de escutas por parte da Polícia Judiciária. Nas centenas de conversas mantidas ao telefone, os suspeitos falavam da utilização de substâncias dopantes.
`Branca', `Riscos', `Dipro', `Força', `INSU', `TB' e `Feminina' eram alguns dos códigos usados para se referirem às substâncias que tomavam, de forma a aumentarem o rendimento desportivo.
O Ministério Público acusou recentemente 26 arguidos por tráfico de substâncias e métodos proibidos e também por administração do mesmo tipo de substâncias. Entre os suspeitos estão dez ciclistas, o antigo diretor-desportivo, Nuno Ribeiro, Adriano Quintanilha, dono da equipa, e Hugo Veloso, que era diretor-geral. A acusação visa ainda três técnicos de farmácia, que forneciam algumas das substâncias. “Aquilo está tudo orientado? A branca e isso?”, questionava Nuno Ribeiro durante um telefonema com José Rodrigues, treinador-adjunto e arguido.
Neste caso, Nuno Ribeiro referia-se a Betametasona. O processo diz que administravam ainda Eprex, TB-500 ou Somatropina. Faziam também a extração e reintrodução de sangue, algo que é considerado proibido. Era Nuno que instruía os ciclistas “sobre os dias, horas e forma de administrar as substâncias”. Nas competições, o diretor-desportivo preparava as substâncias e deixava as seringas nos quartos. O mesmo acontecia com a reintrodução de sangue. “Primo, já me desenrasquei aqui com a cabidela, tenho medo de estar sozinho”, dizia numa mensagem o ciclista Ricardo Vilela a um outro arguido que fornecia as substâncias.