Árvores “gigantes verdes” de Lousada celebradas
Projetos dedicados às grandes árvores de Lousada, às abelhas da serra de Aires e Candeeiros e ao consumo sustentável em Lisboa venceram a nona edição dos prémios AGIR da REN.
Os prémios AGIR da REN já apoiaram mais de 15 mil pessoas e distinguiram dezenas de entidades sem fins lucrativos. Desde 2014, foram apoiados projetos em temas tão diversos como o combate ao abandono escolar, a promoção do emprego para pessoas vulneráveis, o envelhecimento ativo, ou o combate à pobreza e exclusão social. Sempre com a preocupação de acompanhar os projetos vencedores e garantir que cada ação se traduz em empregos criados, em novas empresas lançadas, em pessoas vulneráveis ajudadas, em comunidades menos desertificadas, e em áreas naturais mais protegidas e com maior diversidade. E foi com a presença de Rodrigo Costa, CEO da REN, Gonçalo Morais Soares, administrador da REN, Ana Dias e Paulo Fernandes, respetivamente administradora da Cofina
Media e CEO da Cofina (parceira deste projeto), que foram recentemente atribuídos os prémios AGIR 2022.
Valorizar as árvores de pé
Nesta nona edição do prémio, o tema foi a promoção do meio ambiente, biodiversidade e combate às alterações climáticas. O grande vencedor foi a Associação VERDE, da região de Lousada, com o projeto “Lousada+VERDE: Restauro ecológico em prol da comunidade”. O projeto tem como objetivo a intervenção da associação em propriedades privadas, em acordo com os proprietários, controlando as espécies invasoras, plantando árvores e arbustos autóctones, e construindo estruturas de madeira morta e charcos que aumentam a biodiversidade, nomeadamente pela presença de árvores de grande porte. Aliás, a associação surge a partir da participação do seu fundador, João Gonçalo Soutinho, numa iniciativa do Município de Lousada, em que apresentou um projeto para mapear as árvores grandes existentes no município. “Chamamos a estas árvores, gigantes verdes, porque se caracterizam por serem tão grandes que um adulto não as consegue abraçar à altura do seu peito”, recorda o responsável, que encontrou 7.400 árvores destas no concelho de Lousada, em 2019.
“Gigantes verdes” que têm vindo a desaparecer a um ritmo inquietante, o que levou à criação da associação com o objetivo de lançar novos projetos, como o “Carbono Diverso”, e que procuram que os proprietários locais valorizem mais as árvores em pé do que cortadas. O “Lousada+VERDE ”surge nessa lógica de incentivar a conservação da natureza. Segundo João Gonçalo Soutinho da VERDE, “o Prémio AGIR da REN vai-nos permitir ter mais meios, mais equipamentos, e estudar potenciais cadeias de valor de produtos secundários que possam sair desta floresta - bolota, medronho, mel, cogumelos, entre outros. Será ainda possível potenciar atividades de educação ambiental e de visitação, desenvolvendo, deste modo, um laboratório através do qual a floresta nativa poderá ser valorizada, tornando-se um ativo do território.”
Das grutas para as abelhas
Mais a sul, na serra de Aires e Candeeiros, encontramos a Associação Vertigem, vencedora do segundo prémio, e que “nasceu de um grupo de amigos residentes em Leiria que formou uma associação que faz espeleologia (atividade de exploração e estudo de cavernas e grutas)”, como explicou Rui Cordeiro, presidente da Vertigem. Essa atividade inicial deu origem ao interesse pela região e ao desenvolvimento de atividades de conservação da natureza e promoção da biodiversidade com envolvimento da comunidade local. A associação, criada em 1997, acabou por se fixar na aldeia de Portela Vale de Espinho (Porto de
Mós), aquando da criação do Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros. Com o apoio de programas comunitários foi possível trazer grupos de jovens europeus para essas ações. Também o envolvimento com a população local foi crescendo, tal como o interesse da associação pela agricultura e apicultura, vertente que integrou nas ações com jovens europeus. Com a apicultura,surgiram atividades de promoção de produções locais, e ecológicas, de mel de grande qualidade, com colónias mais sustentáveis de abelhas.
Com o segundo lugar no Prémio REN, a Associação Vertigem propõe-se criar, numa antiga escola primária na mesma zona, um Centro de Interpretação da Abelha e do Mel (CIAM). Pretende também criar oportunidades para o setor da apicultura e do turismo, aumentar a proteção ambiental, o crescimento económico, e desenvolver novas oportunidades de emprego. O CIAM passará a ser um polo congregador e dinamizador da apicultura e do turismo próximo da natureza no concelho de Porto de Mós. Segundo Rui Cordeiro, presidente da Vertigem, “com o prémio AGIR da REN será possível envolver outras entidades na recuperação da escola, que vamos equipar com materiais para a educação ambiental”. Será ainda criado um polo de agregação dos apicultores locais para formação. “Queremos implementar uma apicultura amiga do ambiente e que respeite a integridade natural de cada colónia de abelhas.”
Insatisfeitos em Arroios
O terceiro lugar ficou com a Cooperativa Rizoma, cuja Mercearia Comunitária (para membros da cooperativa) se situa na zona de Arroios, em Lisboa. A cooperativa “nasceu num jantar de dez amigos, que viviam na zona dos Anjos em Lisboa, e que estavam muito insatisfeitos com o sistema de produção e consumo de alimentos que existe”, explica Claraluz Keiser, cofundadora do projeto. Criaram então uma mercearia comunitária, a partir de modelos que já existem em outras cidades europeias, privilegiando a produção local, os alimentos biológicos, o consumo sustentável, a transparência, e o comércio justo. “Desde 2020 até agora já tivemos a adesão de quase 500 pessoas. Cada uma entra no capital social da cooperativa e pode contribuir com o seu trabalho e trazer os seus produtos”, afirma Claraluz. A cooperativa não se limita apenas à mercearia, mas inclui secções dedicadas à habitação, agricultura, serviços, e cultura, tentando acudir as necessidades básicas dos membros em meio urbano.
“O prémio AGIR irá permitir adquirir novos equipamentos e melhorar o sistema de gestão da mercearia, continuando a promover o consumo sustentável e a dar resposta às necessidades da comunidade”, conclui.