Correio da Manha

“TALVEZ OS RUSSOS VENHAM, TALVEZ NÃO” PRONTOS

Escondidos no meio das árvores nos arredores de Vuhledar, a cinco quilómetro­s das posições russas, os tanques da 1.ª Brigada aguardam o avanço inimigo VUHLEDAR Reportagem do Correio da Manhã na linha da frente com a brigada de tanques `Sveria' do Exército

- Alfredo Leite Texto Pedro Escoto Imagem Enviados especiais em Vuhledar

u Chegar à linha de disparo da 1.ª Brigada `Sveria' de Tanques do Exército ucraniano não é tarefa fácil. A neve transformo­u o caminho que leva à língua de bosque onde se escondem tanques e homens num lamaçal gelado que exige perícia na condução. A manhã vai a meio, mas no abrigo subterrâne­o que esconde os efetivos do `Sveria' já se come uma sopa fumegante com pão e queijos numa improvisad­a tábua. No outro lado do cubículo, dois soldados deitados em camas de campanha espreitam os telemóveis. A salamandra acesa quase faz esquecer o chão de terra batida. Nas paredes, alguma madeira dá o conforto possível aos homens que estiveram de prevenção durante a noite.

A frente russa estará a uns cinco ou seis quilómetro­s, ninguém consegue avaliar com rigor e talvez por isso a prontidão seja total porque é impossível saber quando pode surgir o próximo ataque: “Talvez [os russos] venham até nós, talvez não. Como li hoje, parece que estão a ficar sem munições, mas mesmo assim pode ser que tentem fazer alguns disparos nesta zona”, diz `Ivan', nome de código do oficial que comanda a 1.ª Brigada de Tanques. O militar admite que “talvez tentem

A SALAMANDRA ACESA QUASE FAZ ESQUECER O CHÃO DE TERRA BATIDA

a mesma coisa que tentaram em Bakhmut, que foi usar pessoas sem retaguarda de artilharia ou viaturas”. Nesta espécie de mortífero jogo do gato e do rato Serhii Cheridnich­enko, comandante de artilharia de um dos carros de combate, revela que “quando não há combates cortamos lenha para passar o tempo”. Mas o pior é quando há troca de fogo: “Quando há uma explosão nas proximidad­es, é assustador.” O ar duro dos homens dos tanques não esconde as suas fraquezas. Haverá medo em quem domina tão mortífera arma? “Claro que temos medo”, responde Cheridnich­enko sem hesitar. A conversa foi interrompi­da para escutar uma comunicaçã­o via rádio. Desta vez a ordem para atacar esperou um pouco mais.

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal