Caçadores de drones e mísseis em Kiev
GUARDIÕES Humvees equipados com rockets são uma das mais importantes defesas da capital
Nunca como neste dia em Kiev houve tanta tensão no ar e ao mesmo tempo resignação das pessoas que, no aniversário da invasão, esperam um ataque russo como se fosse uma certeza, quase uma inevitabilidade.
Apesar de tudo, a capital está mais bem defendida do que qualquer outra cidade para a possibilidade de um ataque. Além dos sistemas fixos e móveis equipados com radares, mísseis teleguiados e sensores de última geração, há ainda dezenas de veículos todo-o-terreno Humvee, fornecidos pela Lituânia, que foram munidos de rockets e que têm revelado grande eficácia nesta luta desigual. São tripulados por um motorista e um atirador, que já ganharam a alcunha de guardiões dos céus e caçadores de drones. Ontem, um alerta aéreo interrompeu a visita que fizemos a uma destas equipas. Fomos retirados do local e ouvimos uma primeira explosão ao longe e depois outra bem perto. Quando voltámos, os caçadores de drones contaram o que tinha acontecido: uma outra equipa, a dez quilómetros dali, tinha abatido o alvo, um drone de reconhecimento Orlan, que voava a dois quilómetros de altitude.
O atirador, Oleksandr, lamentava-se de não ter sido ele, desta vez, o autor da proeza. Queria ter juntado mais um alvo à sua lista de inimigos abatidos, que já conta com dois aviões SU-25,
OLEKSANDR MARCA NA CHAPA DO VEÍCULO TODOS OS ALVOS INIMIGOS ABATIDOS
dois helicópteros K52, seis Orlan e dois Shahed de fabrico iraniano. Na chapa verde-azeitona do Humvee, Oleksandr tem assinalado cada um destes tiros certeiros, como se fosse um palmarés com taças que ganhou. Perguntei-lhe se ainda tinha espaço para mais, e ele, a rir-se, abriu os braços, como que a mostrar o tamanho do Humvee. Os caçadores de drones estão prontos para o que possa acontecer hoje, amanhã e depois nos céus de Kiev.