Correio da Manha

“SINTO QUE TENHO UMA ENERGIA INTEMPORAL”

“NÃO JANTO HÁ 50 ANOS E GOSTO DE ANDAR”

- BOA ONDA

tempo não parece passar por ele, mas a verdade é que Virgílio Castelo já vai fazer 70 anos este domingo (dia 26). Com um espírito jovem, o ator diz que a velhice não o preocupa, desde que se mantenha saudável. “A saúde é a única coisa que me importa, pois quero aguentar-me até as minhas filhas mais novas [Violeta, de 18 anos, e Sancha, de 13] ficarem independen­tes. De resto, a velhice, as rugas, estou-me a borrifar para isso”, revelou à ‘Boa Onda’. Ainda assim, Virgílio Castelo não dispensa alguns cuidados. “Por causa do teatro, não janto há 50 anos. Também sempre fiz grandes caminhadas e gosto imenso de andar. O que tenho são cuidados básicos com a saúde porque, a partir dos 50, cada vez que vamos ao médico trazemos uma doença nova”, afirma, lembrando o exemplo de Ruy de Carvalho: “O Ruy tem 96 anos e continua a trabalhar, já não tem a vitalidade que tinha, mas continua. Eu acho que esse é o sonho de todos nós, continuar a trabalhar apesar das limitações físicas. Sei bem que, hoje em dia, não consigo fazer as coisas que fazia com 40 anos.”

Consciente dos efeitos que a idade pode ter, o ator recorda, com humor, um episódio que aconteceu na novela ‘Sangue Oculto’ (SIC), onde interpreta o surfista Almeno. “Houve um dia que eu tinha uma cena de beijo com a Manuela [Couto] e, no calor do momento, tinha de agarrá-la e dar-lhe um beijo curvado, que era uma coisa que eu faria normalment­e. Fiz isso e, de repente, senti uma dor nos rins. Não há nada a fazer”, conta. Apesar de tudo, Virgílio Castelo sente que a sua energia não tem idade. “Sinto que tenho uma energia intemporal, que me mantém muito presente nas coisas. Acho que tem a ver com o facto de ser ator, pois aprendemos a conhecer as nossas emoções. Muitas vezes não me lembro de mim, Virgílio, e fico contaminad­o com a energia das personagen­s.”

REJEITA RÓTULO DE GALÃ

Com as gravações de ‘Sangue Oculto’ a chegarem ao fim, Virgílio Castelo já sente a falta de Almeno, uma personagem cómica, muito diferente daquilo que tem feito recentemen­te em televisão e que lhe tem valido muitos elogios. “Ouço todos os dias comentário­s de pessoas que se cruzam comigo em diversas situações e isso é muito engraçado. É um papel que permite essa familiarid­ade e pelo qual estou muito grato. A minha mãe, se fosse viva, é que não ia gostar muito, porque ela gostava daqueles homens todos certinhos e adorava ver-me de fato e gravata. E nas novelas era a única altura que ela me via assim vestido”, recorda o ator, que rejeita o rótulo de galã. “Sempre interprete­i muitos ‘homens de mulheres’ e isso fez com que o público olhasse para mim de uma certa maneira, sobretudo o público feminino. Permite um certo à-vontade e elogios, às vezes, mais picantes”.

“INTERPRETE­I MUITOS `HOMENS DE MULHERES' E ISSO FEZ COM QUE O PÚBLICO OLHASSE PARA MIM DE UMA CERTA MANEIRA”

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