Companheiro de ex-modelo confessa fraude
Max Cardoso indicou à Judiciária onde escondeu as provas dos crimes milionários ª DEPOIMENTO Assume que aceitou arranjar testas de ferro para a criação de diversas empresas
u Max Cardoso estava já preso há quase três meses quando decidiu colaborar com a Justiça. Diante do juiz, o companheiro da ex-modelo Ana Lúcia Matos assumiu que integrava a rede que cometeu uma fraude ao IVA, que só no nosso país atingiu os 80 milhões de euros. Explicou que num primeiro momento aceitou arranjar testas de ferro e que em troca ganhava mil euros mensais por cada empresa constituída. Deu ainda provas à Polícia Judiciária, tendo indicado em que computador escondeu os documentos que mostram como o esquema funcionava.
ANA LÚCIA MATOS E MAX ESTÃO ENTRE OS 27 ACUSADOS PELOS PROCURADORES
Max Cardoso - que juntamente com a companheira está entre os 27 acusados da `Operação Admiral' - explicou inclusive o que significavam determinados códigos nas tabelas, em que constavam todas as entradas e saídas de dinheiro. Revelou que eram mantidas conversas entre os membros da rede no WhatsApp e no Skype e que eram utilizados muitas vezes nomes de código.
O processo da delegação do Porto da Procuradoria Europeia revela ainda que foi depois feito um acordo entre Max, Filipe Fernandes, também arguido, e Prathikounh Lavivong. Este último é considerado o líder da rede, que atuava ainda em outros países da Europa. Terá concordado distribuir os lucros que as empresas em Portugal obtinham com as vendas de telemóveis e de outros artigos informáticos e da consequente fuga ao Fisco. Max recebia 0,5% do valor e Filipe Fernandes tinha direito a 1%. Estimavam faturar entre 300 a 400 milhões de euros, o que para estes arguidos representava um lucro que iria variar entre os 4,5 e os 6 milhões.
O dinheiro circulava por várias contas bancárias, e para tentarem iludir as autoridades, Max e Filipe recebiam muitas vezes as comissões devidas através das aquisição de bens de luxo. Com recurso à conta de uma das empresas chegaram a ser comprados, entre 2017 e 2019, relógios avaliados em mais de 90 mil euros, que foram depois entregues a estes arguidos. Outros bens de luxo chegaram também à esfera de Max e de Ana Lúcia Matos (ver texto secundário).
Esta fraude milionária foi cometida desde 2016 até ao final de 2022, altura em que os arguidos foram detidos pela Polícia Judiciária do Porto. Em causa está a chamada `fraude em carrossel'.
Esta rede criminosa aproveitou-se das regras das transações intracomunitárias e constituiu uma complexa cadeia de empresas, na sua maioria de venda de equipamentos informáticos em plataformas online. Recorriam depois à falsificação da faturação e de outros documentos para conseguirem fugir ao pagamento do IVA.