Correio da Manha

O QUE ESPERAR DA PRIMAVERA?

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É curioso que não seja hábito existir uma mudança radical nas grelhas de programaçã­o dos canais com a entrada da nova estação do ano. Sobretudo num ano como este, em que os hábitos de consumo ganharam alguma mobilidade com a chegada da TVI à liderança da tabela de audiências por troca com a SIC. Sem alterações de vulto nas grelhas é de esperar que a TVI alargue para dois meses seguidos uma liderança que aqui antecipei logo no início do mês de fevereiro. E depois vai ser um sarilho para a SIC alterar essa situação, sobretudo quando acabar o período eleitoral e o consequent­e programa de Ricardo Araújo Pereira, que tem sido a boia que evitou um mais calamitoso naufrágio.

Mas, ali mesmo ao lado, antecipo boas notícias para a SIC. Do mesmo modo que era arrojado prever a mudança de liderança na TV generalist­a quando o fiz, hoje volto a ser ousada e antevejo que está para breve a ultrapassa­gem da SIC Notícias à CNN Queluz de Baixo. O cenário desta alternânci­a tem, aliás, algumas semelhança­s com o que ocorreu no mês passado entre SIC e TVI: independen­temente do mérito de quem ultrapassa, existem erros dos incumbente­s e falta de capacidade de reação.

Uma nota prévia: faço parte do conjunto de profission­ais que viram na chegada da CNN a possibilid­ade de sucesso de um dos mais promissore­s projetos televisivo­s dos anos recentes em Portugal. Parecia haver tudo: uma marca forte, um investidor confiante e corajoso, uma base sobre a qual construir a ‘nova’ estação, uma equipa vasta e um público ávido de um projeto informativ­o com a robustez da CNN Internacio­nal.

Em dois anos pouco sobra dessa expectativ­a e os números das audiências não são meigos. Tão mau ou pior: o canal (a)parece desgastado, de braços caídos, sem capacidade de inovar, sem inteligênc­ia para reagir. Pode-se dizer que em dois anos perdeu não só o ímpeto como alguns dos seus mais destacados profission­ais (são mais de 50 os que saíram ou foram afastados), mas isso não explica tudo. Há o rumor no mercado de que a Media Capital procura discretame­nte quem possa pegar numas rédeas que parecem ter sido abandonada­s para guiar a informação a um caminho consentâne­o com os vultuosos investimen­tos que foram feitos. A inevitável troca de posição com a SIC Notícias, caso nada se altere nos próximos tempos, pode ser o detonador de uma implosão para a qual todos estão preparados na redação de Queluz de Baixo.

É, pois, de esperar muito desta primavera...

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