Montenegro prepara estratégia à Cavaco
POSIÇÃO Novo Governo terá um perfil ativo, combativo e com capacidade para liderar a agenda política ªOBJETIVO Ideia central é deixar para a oposição o risco e a responsabilidade de chumbar as medidas do Executivo
uLuís Montenegro prepara-se para adotar uma estratégia política semelhante à definida por Cavaco Silva no seu primeiro Governo, em 1985, quando ganhou as eleições legislativas com menos de 30% dos votos. A ideia central é apostar num Executivo com um perfil político forte e capacidade para liderar a agenda com medidas destinadas a melhorar a vida das famílias, deixando para a oposição o risco e a responsabilidade política de chumbar medidas que sejam favoráveis para o País.
O modelo de governação que começa a ganhar força é o Executivo liderado por Cavaco Silva, entre 1985 e 1987. “O modelo de Governo é o primeiro de Cavaco
Silva: um Governo muito ativo e combativo”, afirma um alto dirigente do PSD. Que acrescenta: “Há todo o espaço para começar a trabalhar no primeiro dia e tomar medidas.”
No seu primeiro Executivo, Cavaco Silva governou entre novembro de 1985 e abril de 1987: ao fim de 18 meses de governação, Cavaco Silva foi derrubado por uma moção de censura apresentada pelo antigo Partido Renovador
Democrático (PRD), do antigo Presidente da República Ramalho Eanes, mas depois ganhou as eleições legislativas, em julho de 1987, com 50,2% dos votos, naquela que foi a sua primeira maioria absoluta. Montenegro pretenderá também apostar numa estratégia política que lhe permita alcançar a maioria absoluta em novas eleições legislativas, se o Governo for derrubado pela oposição.
No interior da AD, existe a convicção de que o Governo vai ter uma agenda política imediata. E parece consensual que a aplicação de medidas novas, ainda este ano, terá de ser concretizada até ao final de julho. Tudo porque, passadas as férias em agosto, surge o tempo da preparação final da proposta do Orçamento do Estado para 2025, o que, dados os escassos meses até ao final do ano, tornará mais difícil a aplicação de novas medidas.
Montenegro tomará posse como primeiro-ministro num contexto em que as contas do Estado estão equilibradas, tendo havido mesmo um excedente em janeiro deste ano, o que facilitará a aplicação de novas medidas que impliquem o aumento da despesa pública. As decisões dependerão também da evolução da execução orçamental das contas públicas, quer no que diz respeito à receita quer à despesa.