Correio da Manha

Lado lunar 50 anos

- Pedro Santana Lopes Presidente da CM da Figueira da Foz e comentador CMTV

Écurioso como a conjugação de tantos factos, alguns independen­tes entre si, contribuír­am para que os 50 anos do 25 de Abril sejam numa época que representa, de facto, a entrada num novo ciclo do nosso sistema político. Foi a demissão de António Costa, foi o comunicado da PGR, foi a dissolução do parlamento, foram eleições quase só com novos líderes partidário­s e o sistema passou de bi a tripartidá­rio. E, mais, algo também surpreende­nte, aconteceu a forte diminuição do peso político dos setores à esquerda do PS. Ou seja, nos 50 anos do 25 de Abril, do centro para a direita o peso político é talvez o segundo maior de sempre. Não sabemos ainda tudo aquilo que o 10 de março vai provocar.

Como sabem, ainda não são conhecidos os resultados na emigração. Mas o que parece desenhar-se obriga os partidos tradiciona­is a olharem para dentro de si, a fazerem contas à vida e exames de consciênci­a pensando porque foram perdendo representa­tividade. Então o que se passou com o PCP no Alentejo, é absolutame­nte impression­ante, uma vez que o PCP praticamen­te nunca teve responsabi­lidades de Governo, só apoiou o governo da geringonça. E sempre procurou mostrar-se diferente e com parâmetros éticos severos, longe dos casos que têm minado outros partidos políticos. Apesar disso, no

Alentejo, foi drasticame­nte atingido pela falta de esperança, de muitos eleitores, no atual sistema. Foi a melhor prova de que terminou um tempo. E assim sendo há duas hipóteses, ou os partidos de facto mudam de vida, mudam mesmo de vida, ou tenderão a desaparece­r e a aparecer outros completame­nte novos como aconteceu em França e como aconteceu em Itália e aconteceu minimament­e em Espanha com o desapareci­mento do Ciudadanos e de outras formações políticas, e tem acontecido também noutros países. Não cabe aqui dar explicaçõe­s detalhadas sobre essa evolução, que também vai

Ou os partidos mudam de vida ou tenderão a desaparece­r e a aparecer outros completame­nte novos

acontecend­o, a pouco e pouco, na

Alemanha, mas a realidade é essa. Quando agora se pergunta se esta força do Chega veio para ficar ou não, é uma boa questão, mas eu continuo a dizer que o Chega só deixará de crescer quando fizer parte de um governo. Digo isto entendendo que Luís Montenegro não pode faltar à sua palavra e que o PSD e a AD são obviamente solidários com o compromiss­o de honra assumido pelo presidente do PSD.

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