Lado lunar 50 anos
Écurioso como a conjugação de tantos factos, alguns independentes entre si, contribuíram para que os 50 anos do 25 de Abril sejam numa época que representa, de facto, a entrada num novo ciclo do nosso sistema político. Foi a demissão de António Costa, foi o comunicado da PGR, foi a dissolução do parlamento, foram eleições quase só com novos líderes partidários e o sistema passou de bi a tripartidário. E, mais, algo também surpreendente, aconteceu a forte diminuição do peso político dos setores à esquerda do PS. Ou seja, nos 50 anos do 25 de Abril, do centro para a direita o peso político é talvez o segundo maior de sempre. Não sabemos ainda tudo aquilo que o 10 de março vai provocar.
Como sabem, ainda não são conhecidos os resultados na emigração. Mas o que parece desenhar-se obriga os partidos tradicionais a olharem para dentro de si, a fazerem contas à vida e exames de consciência pensando porque foram perdendo representatividade. Então o que se passou com o PCP no Alentejo, é absolutamente impressionante, uma vez que o PCP praticamente nunca teve responsabilidades de Governo, só apoiou o governo da geringonça. E sempre procurou mostrar-se diferente e com parâmetros éticos severos, longe dos casos que têm minado outros partidos políticos. Apesar disso, no
Alentejo, foi drasticamente atingido pela falta de esperança, de muitos eleitores, no atual sistema. Foi a melhor prova de que terminou um tempo. E assim sendo há duas hipóteses, ou os partidos de facto mudam de vida, mudam mesmo de vida, ou tenderão a desaparecer e a aparecer outros completamente novos como aconteceu em França e como aconteceu em Itália e aconteceu minimamente em Espanha com o desaparecimento do Ciudadanos e de outras formações políticas, e tem acontecido também noutros países. Não cabe aqui dar explicações detalhadas sobre essa evolução, que também vai
Ou os partidos mudam de vida ou tenderão a desaparecer e a aparecer outros completamente novos
acontecendo, a pouco e pouco, na
Alemanha, mas a realidade é essa. Quando agora se pergunta se esta força do Chega veio para ficar ou não, é uma boa questão, mas eu continuo a dizer que o Chega só deixará de crescer quando fizer parte de um governo. Digo isto entendendo que Luís Montenegro não pode faltar à sua palavra e que o PSD e a AD são obviamente solidários com o compromisso de honra assumido pelo presidente do PSD.