Correio da Manha

NOITE ELEITORAL

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Foi uma noite televisiva em cheio e com suspense como já não se via há muitas e muitas eleições. Ao contrário do ato eleitoral cujos resultados se prestam a análises e interpreta­ções diversas, no caso das emissões das televisões generalist­as em sinal aberto não tenho dúvidas: independen­temente dos scores de audiência, a TVI foi a grande vencedora da noite.

Uma vitória que se desdobra em diversos destaques individuai­s.

Foi, desde que me lembro, a melhor prestação de José Alberto Carvalho numa noite eleitoral. Solto, muitas vezes até deambulant­e pelo estúdio, ele foi o verdadeiro pivot da emissão: a distribuir jogo, a chamar a si a condução quando era necessário preencher tempo (e a noite teve muitos desses momentos), a não se deixar perder pelos caminhos perigosos da análise e a percorrer sempre com mestria o trilho dos factos. Excelente!

A acompanhá-lo teve um Pedro Benevides ao mesmo nível. Sem hesitações na abordagem à sempre arriscada tecnologia dos “ecrãs mágicos”, sereno, atento a todos os desenvolvi­mentos, sintético e direto na apresentaç­ão de resultados e cauteloso no que dizia respeito a procurar tendências ou a fazer sínteses. Os dois formaram a melhor dupla de que me recordo numa noite eleitoral.

Depois houve o que correu menos bem e afastou a cobertura da TVI da perfeição. Desde logo uma condução editorial desatenta no arranque da noite: quem estava a fazer a coordenaçã­o da operação na régie demorava tempos infinitos a reagir e a TVI andou ‘aos papéis’ em termos de diretos durante boa parte do início da emissão.

Depois, ou mudaram quem estava na régie ou afinaram algum procedimen­to e as coisas começaram a correr melhor.

Ficou também por perceber o critério que fez com que João Póvoa Marinheiro parecesse perdido no estúdio e com que Sara Pinto fosse praticamen­te inexistent­e na emissão: nenhum dos dois compromete­u, mas a nenhum deles foi exigido muito e, no caso de Sara Pinto, é quase criminoso (mas ao que me dizem, a explicação está relacionad­a com uma alteração de última hora em que alguém entrou de ‘pé de cabra’ no elenco de apresentad­ores). O que, de certa forma, levanta uma derradeira questão: depois de ter andado a fazer choradinho­s e a bater a todas as portas por não fazer parte do plano inicial para a noite eleitoral, será que ela finalmente compreende­u que não nasceu para aquilo?

Sou absolutame­nte transparen­te: eu estava lá e vi quando, há cerca de 20 anos, a Sandra Felgueiras era ainda jovem e muito fraquinha como pivot. Entretanto ela teve todas as oportunida­des de evoluir. Treinou, apresentou muitos e diferentes programas, e tenho de ser honesta e concordar que está muito diferente: com os tais 20 anos de treino e de experiênci­a, ela deixou de ser jovem.

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