Escutas tramam Serrão e mostram negócios suspeitos
VIDA DE LUXO Vendeu a casa ao amigo Júlio Magalhães e passou a viver no Hotel Sheraton, no Porto. Custos de 370 mil euros foram parcialmente cobrados à Europa TESTA DE FERRO Ex-pivô figurava em três empresas que eram de facto geridas pelo empresário
u Há muito que estava sob a mira das autoridades. A vida de luxo não passava despercebida e Manuel Serrão, empresário, estava sob escuta da Polícia Judiciária do Porto, que o monitorizou nos últimos meses. Na terça-feira, os inspetores desencadearam a `Operação Maestro', para tentar fundamentar por documentos o que já suspeitavam. Que Manuel Serrão liderava um esquema criminoso com vista à obtenção de fundos europeus, sustentando muitas vezes o recebimento desses fundos com faturação falsa e serviços fictícios.
Serrão e Júlio Magalhães, pivô da TVI até ao dia em que decorreu a operação, foram várias vezes apanhados nessas mesmas conversas, que já estão transcritas no processo, por decisão do juiz de instrução.
Um dos luxos imputados ao também comentador televisivo era a forma como vivia.
Vendeu a casa em Matosinhos Sul a Júlio Magalhães e mudou-se, de `armas e bagagens', para o Hotel Sheraton, no Porto. O custo do alojamento, mais de 370 mil euros, foi pago com o dinheiro que veio da Europa, através de faturação falsa que era emitida pelas suas múltiplas empresas.
O Ministério Público diz também que o jornalista Júlio
Magalhães simulou serviços que não prestou a empresas lideradas por Manuel Serrão, para conseguir receber dinheiro. Seria o pagamento por ser testa de ferro de alguns dos negócios do empresário, designadamente por figurar como sócio em pelo menos três empresas, cuja atividade era na verdade gerida por Manuel Serrão. Falamos da Modmood, House of Learning e da No Trouble, onde Júlio Magalhães figurava como acionista ou como sócio-gerente.
Diz ainda o MP que o jornalista também escrevia artigos para o `Jornal T' - um produto meramente comercial que contraria o estatuto de jornalista -, mas era igualmente pago de forma fraudulenta e sempre com recurso a um `saco azul' onde estavam os fundos europeus recolhidos ao longo de oito anos.