Correio da Manha

Escutas tramam Serrão e mostram negócios suspeitos

VIDA DE LUXO Vendeu a casa ao amigo Júlio Magalhães e passou a viver no Hotel Sheraton, no Porto. Custos de 370 mil euros foram parcialmen­te cobrados à Europa TESTA DE FERRO Ex-pivô figurava em três empresas que eram de facto geridas pelo empresário

- Eduardo Damaso /Tânia Laranjo ª

u Há muito que estava sob a mira das autoridade­s. A vida de luxo não passava despercebi­da e Manuel Serrão, empresário, estava sob escuta da Polícia Judiciária do Porto, que o monitorizo­u nos últimos meses. Na terça-feira, os inspetores desencadea­ram a `Operação Maestro', para tentar fundamenta­r por documentos o que já suspeitava­m. Que Manuel Serrão liderava um esquema criminoso com vista à obtenção de fundos europeus, sustentand­o muitas vezes o recebiment­o desses fundos com faturação falsa e serviços fictícios.

Serrão e Júlio Magalhães, pivô da TVI até ao dia em que decorreu a operação, foram várias vezes apanhados nessas mesmas conversas, que já estão transcrita­s no processo, por decisão do juiz de instrução.

Um dos luxos imputados ao também comentador televisivo era a forma como vivia.

Vendeu a casa em Matosinhos Sul a Júlio Magalhães e mudou-se, de `armas e bagagens', para o Hotel Sheraton, no Porto. O custo do alojamento, mais de 370 mil euros, foi pago com o dinheiro que veio da Europa, através de faturação falsa que era emitida pelas suas múltiplas empresas.

O Ministério Público diz também que o jornalista Júlio

Magalhães simulou serviços que não prestou a empresas lideradas por Manuel Serrão, para conseguir receber dinheiro. Seria o pagamento por ser testa de ferro de alguns dos negócios do empresário, designadam­ente por figurar como sócio em pelo menos três empresas, cuja atividade era na verdade gerida por Manuel Serrão. Falamos da Modmood, House of Learning e da No Trouble, onde Júlio Magalhães figurava como acionista ou como sócio-gerente.

Diz ainda o MP que o jornalista também escrevia artigos para o `Jornal T' - um produto meramente comercial que contraria o estatuto de jornalista -, mas era igualmente pago de forma fraudulent­a e sempre com recurso a um `saco azul' onde estavam os fundos europeus recolhidos ao longo de oito anos.

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Júlio Magalhães é suspeito de ter simulado serviços que não prestou empresas lideradas por Manuel Serrão Serrão é suspeito de liderar esquema para obter fundos

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