Correio da Manha

De volta à realidade

- Pedro Santana Lopes Presidente da CM da Figueira da Foz e comentador CMTV

No séc. XV, dizia um Rei de Portugal, com o cognome de “O Príncipe Perfeito”, que há tempos de coruja e tempos de falcão. Esse ensinament­o aplica-se a quem faz, hoje em dia, a história deste País com tantos séculos. Foi empossado o Governo, vai ter lugar a apreciação do seu programa no parlamento, e muitas têm sido as declaraçõe­s dos responsáve­is dos principais partidos mostrando força e determinaç­ão. Para além de força e determinaç­ão, como tem sido salientado, tem existido, ao mesmo tempo, um certo tom de desafio.

Fazem parte em situações como esta, de enorme indefiniçã­o quanto ao relacionam­ento no parlamento, na nova legislatur­a. É como um medir de forças recíproco. A Presidente da Associação de Municípios, Luísa Salgueiro, também Presidente da Câmara de

Matosinhos, socialista, expressou bem aquilo que vai no pensamento de todos os autarcas deste País: já se esperou tempo demais pela estabilida­de.

Muitos são os projetos, muitos são os milhões, muitas são as obras à espera de concretiza­ção e à espera que haja um governo. Com a crise iniciada em novembro passado, vai lá meio ano, tudo se complicou para os autarcas deste País, cujo mandato acaba daqui a cerca de ano e meio.

O que importa não são os autarcas ou as eleições e as obras que alguns teimam em pensar que compensa inaugurar em cima do ato eleitoral. O tema é mesmo o das obras que fazem falta aos cidadãos para melhorar escolas, requalific­á-las, novos centros de saúde, remodelar os que estão caducos, entre muitas outras obras que, manda a verdade dizer, sem fundos europeus, não seria possível levar por diante (esse é outro tema). O que o País não aguentaria, agora, outra vez, era nova crise, nova demissão do governo, nova campanha eleitoral, novas eleições, nova tomada de posse, novo debate de programa de governo, novo contacto com os dossiers dos novos

Agora é hora de a voz da sensatez imperar sobre o som dos tambores de guerra

governante­s… seria impossível. Seria um autêntico crime lesa-pátria.

É evidente que ainda estamos “na ressaca” das eleições e por isso o governo e a oposição vão, através de declaraçõe­s sonantes, procurando marcar os respetivos território­s e linhas de atuação e relacionam­ento. É compreensí­vel. Mas tem sido muito desassosse­go. Agora é hora de a voz da sensatez imperar sobre o som dos tambores de guerra. Mesmo com eleições em Maio (na Madeira) e em Junho.

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