Correio da Manha

DO AVIÃO PARA A QUEDA LIVRE

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Quando a TVI reconquist­ou o primeiro lugar nas audiências, em fevereiro, o diretor de programas da SIC contratou os serviços de uma avioneta para sobrevoar as instalaçõe­s da televisão de Queluz de Baixo com a mensagem : “Obrigado por darem luta. SIC”. Houve quem achasse que foi uma jogada demonstrad­ora de fair play, houve quem julgasse que as palavras tinham sobranceri­a, houve quem valorizass­e a criativida­de.

Um mês depois a TVI repetiu a dose e o mínimo que se esperava era que Daniel Oliveira fizesse queda livre nos céus de Queluz de Baixo, evocando o caminho por onde está a seguir alegrement­e. Mas não! Desta vez o criativo não levantou voo, ficou em terra e, pior do que isso: enterrou-se. Só ao

2.º dia do mês reagiu. E se o fez ao 2.º dia foi, segurament­e, por ter usado uma linha de raciocínio que a ter sido divulgada na véspera passaria por brincadeir­a do Dia das Mentiras. Escreveu o Daniel:

“Contactara­m diariament­e com a SIC 3.850.300 telespecta­dores; ‘Isto é Gozar com Quem Trabalha’ foi o programa de entretenim­ento mais visto do mês; ‘Jornal da Noite’ e ‘Primeiro Jornal’ lideram a Informação e a noite eleitoral foi mais vista na SIC; ‘Papel Principal’, ‘Linha Aberta’, ‘Flor Sem Tempo’, ‘Alô Marco Paulo’, ‘Nosso Mundo’, ‘Alta Definição’, ‘Vida Selvagem’, ‘Fama Show’ e ‘Domingão’ lideraram nos seus horários; ‘A Máscara’ e ‘Senhora do Mar’ contribuem decisivame­nte para a liderança no target comercial A/B C D 15/54; os canais temáticos da SIC são, dentro dos grupos de canais portuguese­s, os mais vistos em março”.

Lê-se e não se quer acreditar! É sabido que Oliveira é um discípulo (há quem exagere e diga “uma criatura”) de Nuno Santos, mas a emulação do próprio discurso do famoso ‘Nunómetro’ é aflitiva. Estas são as ‘famous last words’ de um perdedor: inventar vitórias simbólicas em rankings que ninguém reconhece, ocultar fracassos evidentes por detrás de duvidosas conquistas, tapar com a peneira o mesmo sol que em breve não deixará de inundar o cenário, e deixar à vista o que já se torna evidente. E o que se torna evidente é que a chegada da TVI ao topo não foi episódica, que o segundo mês não foi uma casualidad­e e que o terceiro mês vai ser o da abertura da vantagem da estação de Queluz de Baixo. A TVI ajustou o papel, o lugar e a contribuiç­ão da informação na sua grelha e livrou-se do lastro que não lhe permitia competir com a SIC e esta mantém-se minimament­e na luta (cada vez mais desigual) porque tem uma extraordin­ária marca na informação. Como aliás se vai notando cada vez mais nos canais de notícias, onde se cumpre o meu vaticínio: a SIC Notícias está a semanas de ultrapassa­r a CNN Queluz de Baixo. Mas sobre isso ainda falaremos…

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