Futebol nublado
A nova época de futebol está a abrir sob pesadas nuvens de inquietação que a ânsia e alegria pelo golo do emblema favorito não podem fazer esquecer. Não há memória do campeonato arrancar com o Sporting tão perturbado pela escolha de presidente e mais de 30 adeptos violentos em prisão preventiva. Nem do Benfica, apesar do esforço de descrição, sofrer com tantos inquéritos judiciais. Ou ver o FC Porto agitado por contenciosos laborais. E para ficar pelos quatro grandes do antigamente, que pensar do divórcio no Belenenses que despejou a SAD para o Jamor?
O futebol, sabe-se, não é só pontapé na bola. O desporto-rei constitui uma das maiores indústrias de divertimento no Mundo. Há futebolistas a valer dezenas de milhões de euros. Os estádios precisam de estar cheios e as audiências TV continuar a dominar. A dimensão do negócio não suporta o desgaste que o cartoonista Maia desenhou sobre o ‘futebol nacional’ na revista ‘Domingo’: “Mal frequentado, tudo suspeito, sem ética, sem pudor, sem nível, sem fair play, sem paz…!” Assim nublado e pervertido, o futebol não se salva com o vídeo-árbitro. O estado das coisas ameaça crise grave.