NOVO JOGO SUICIDA ANDA À SOLTA NA INTERNET
Malicioso como a ‘Baleia Azul’, é conhecido por ‘MOMO’ e desafia crianças e jovens a fazerem coisas perigosas
Chama-se ‘Momo’ e não deverá ainda ter chegado a Portugal, mas já está a deixar pais e encarregados de educação em alerta máximo. Muito semelhante ao jogo ‘Baleia Azul’, que provocou dezenas de suicídios de jovens em vários países, ‘Momo’ é um desafio que anda pelas redes sociais, especialmente WhatsApp e Minecraft, e lança ameaças e incitamentos contra a integridade psicológica e física dos mais novos.
Na Argentina, ‘Momo’ poderá mesmo ter feito uma vítima: uma menina de 12 anos que, alegadamente, cometeu suicídio depois de interagir com o jogo, ou melhor, com quem está por trás dele.
Segundo as notícias, o esquema geralmente começa quando um jovem contacta ou é contactado por um perfil que se faz passar por Momo, o personagem acima referido. “Uma vez feito o contacto, o personagem ameaça aparecer à noite e amaldiçoar quem não responder às suas mensagens”, explica Tito de Morais, fundador do site miudossegurosna.net, um projeto que ajuda a promover a segurança online de crianças. Os utilizadores que interagem com este perfil são alvo de mensagens e imagens violentas e, tal como acontecia com a ‘Baleia Azul’, recebem ‘objetivos’ e mensagens coercivas para seguirem as instruções. Os utilizadores que não obedecem às ‘ordens’ podem ser alvo de manipulação, recebendo mensagens que ameaçam partilhar fotos, vídeos e outros dados pessoais, geralmente obtidos através de ‘doxxing’ (pesquisa virtual e transmissão de informações pessoais), ou ameaçando magoar amigos ou familiares próximos. “Segundo algumas notícias, essas mensagens visam levar o utilizador a suicidar-se”, sublinha Tito de Morais.
Os pais devem estar atentos e dar ferramentas aos filhos para lidarem com as ameaças. “Tenham uma conversa franca e aberta com os vossos filhos. Como se costuma dizer, ‘a curiosidade matou o gato’. Assim, para estes casos, o conselho que dou é não procurar e não adicionar o Momo se este nos procurar. Se formos contactados, aconselho bloquear e denunciar esse contacto. Importa que os jovens saibam como se pode bloquear e denunciar utilizadores abusivos nas plataformas que usamos”, diz o especialista.
As autoridades ligadas ao crime informático estão a dar especial atenção ao caso. Tal como já acontecia com a ‘Baleia Azul’ e como geralmente acontece comos crimes praticados pela Internet, estes não conhecem fronteiras, pelo que exigem a cooperação internacional das polícias. “No entanto, poderá haver operadores a criar e a manipular perfis a partir de Portugal e a estes as autoridades nacionais poderão chegar mais facilmente”, diz Tito de Morais.
A PSP já reagiu e lançou um alerta: “Estas ameaças levam à extorsão de informação pessoal, incitam ao suicídio e a atos arriscados. Trata-se de um isco utilizado por criminosos para manipular as vítimas, roubar dados e extorquir.”
Por seu turno, a psicóloga Patrícia Palma afirma que os mais jovens muitas vezes não têm maturidade para compreender o “caráter desleal e criminoso” das interações através das redes sociais. “São jovens e crédulos, como sempre foram noutras gerações. Por isso são
São jovens e crédulos: são um alvo fácil
PATRÍCIA PALMA, PSICÓLOGA
um alvo fácil para conteúdos maliciosos. Uma vez enredados numa ameaça, também é mais difícil distanciarem-se, porque acreditam que é real e que aquela pessoa pode mesmo entrar-lhes pela casa adentro e fazer-lhes mal. Mas é mentira: o jogo quer é levar a que eles façam mal a si próprios. É óbvio para um adulto, mas não para eles”, explica a especialista em comportamento.
Hoje em dia, todos os jovens estão igualmente expostos a estes novos perigos, mas alguns podem ser mais vulneráveis: “Os mais solitários e fechados, que não costumam partilhar muito com a família e até com os próprios amigos. O silêncio das vítimas é sempre uma das armas dos criminosos. E quanto mais horas passadas frente ao ecrã, mais riscos correm”, alerta Patrícia Palma.
No site miudossegurosna.net, Tito de Morais explica ainda que “qual- quer software de filtragem, bloqueio e monitorização pode ser facilmente ultrapassado. Até porque quando o acesso é filtrado em casa, os jovens passam a aceder a partir de outros locais onde tal não acontece! Existem sites que ensinam as crianças a incapacitar este tipo de programas. Por outro lado, além de, por vezes, bloquearem conteúdos inócuos e de, por vezes também, não bloquearem o que era suposto bloquearem, estas tecnologias podem ser particularmente intrusivas da privacidade - e isso pode ser um problema no caso dos adolescentes. Assim, em vez de resolverem um problema fornecendo uma solução, podem tornar-se parte do problema”, avisa.
fundamental não ceder qualquer dado pessoal