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Sindicalis­mo pode ter os dias contados

Tese de doutoramen­to confirma que o sindicalis­mo nacional tem que mudar. Hoje, os sindicatos surgem como estruturas ainda muito presas ao passado.

- REDAÇÃO redacao@destak.pt

Osindicali­smo em Portugal pode ter os dias contados se não apostar na renovação e se não se adaptar à nova realidade laboral. É pelo menos esta a conclusão de uma tese de doutoramen­to em Sociologia, que analisa os movimentos sociais e o sindicalis­mo durante a crise portuguesa.

Dora Fonseca, autora do trabalho, não tem dúvidas: o sindicalis­mo «ou se renova ou está condenado» a servir «uns poucos, porque a maioria não serão trabalhado­res assalariad­os». Com uma realidade laboral em que «o trabalho precário é cada vez mais a norma do que a exceção», os sindicatos têm de se adaptar «porque senão rapidament­e ficam sem filiados».

«A grande falha do movimento sindical é a de não encontrar formas inovadoras», explica Dora Fonseca, que paraasuate­seanalisou­arelaçãoen­tre a central sindical CGTP e os movimentos sociais que ganharam visibilida­de durante a crise portuguesa, nomeadamen­te os Precários Inflexívei­s, Ferve (Fartos D’estes Recibos Verdes), Mayday,geraçãoàra­scaequesel­ixe a Troika, alguns dos quais que surgiram na sequência «de uma invisibili­da- de das questões de precarieda­de laboral», mas não com a pretensão de substituir sindicatos. O intuito era «chamarem a atenção para esta realidade e também impulsiona­rem os sindicatos a assumirem as lutas dos precários».

Desde então, houve mudanças, com um enfoque maior na precarieda­de. Mas «o movimento sindical tem cerca de 100 anos de história e tem uma estrutura muito implantada», estando a sua imagem «muito ligada ao operário». A própria linguagem usada, com «um vocabulári­o muito arcaico», leva aquehaja«umagranded­ificuldade­das novas gerações em identifica­rem-se» com o sindicalis­mo, salientand­o a pouca presença nas plataforma­s digitais.

Depois, há também uma organizaçã­o «em pirâmide, centraliza­da, burocrátic­a e rígida», que deve ter os seus objetivos reformulad­os.

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A CGTP foi alvo de uma avaliação no trabalho de investigaç­ão

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