Destak

Carta a Tuchel

- LÍDIA PARALTA GOMES Jornalista do semanário ‘Expresso’

Caro Thomas, Eu consigo perceber aquele «O resultado é ridículo» lançado no final do jogo. É um desabafo e hoje em dia, neste mundo em que autómatos vieram tomar conta de futebolist­as e treinadore­s de carne e osso, isso é refrescant­e. Mesmo. Alguém a dizer o que realmente pensa? Já não há muito. Mas há dias assim. A tua equipa faz exatamente aquilo que pediste: uma equipa à Guardiola com a bola, ou seja, um carrossel de posse que deixa o adversário qual barata tonta a seguir o jogo só com os olhos, e uma equipa à Klopp sem ela, de tal forma pressionan­te que em menos de nada a bola está outra vez contigo. Mas há dias em que a tua equipa faz exatamente aquilo que pediste e mesmo assim perde. Há dias em que o adversário aproveita uma em duas oportunida­des e tu não aproveitas nenhuma em cinco, seis ou sete. E há dias em que o teu melhor jogador falha uma vez, falha duas, três e para compor o ramalhete, ainda falha uma grande penalidade. E tu aí, zangado, reages substituin­do-o. Há dias em que o teu rival está abençoado, seja por uma força divina qualquer ou por um guarda-redes sobrenatur­al, que defende até remates que começaram de uma maneira e acabaram de outra e que surge em frente a adversário­s qual monstro nos pesadelos infantis. É assim mesmo. O resultado até pode ser ridículo, mas «o futebol é isto mesmo». E é por isso que gostamos tanto dele, mesmo que para isso alguém de vez em quando tenha de sofrer. Outro dia a sorte estará do teu lado.

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