Foi uma época de grande ambição
Vista por um prisma caritativo, o FCP teve uma época em cheio. Com um ‘papa’ na presidência e um ‘espírito santo’ com os ‘apóstolos’, o bondoso clube da cor do azul celeste, e com um dragão aspergindo chamas de boas práticas de solidariedade, ajudou no que pôde, principalmente o SLB, a quem deixou que fosse novamente campeão nacional. Finalmente, tão solidário clube, não deixou cair no ‘purgatório’ os moreirenses cónegos, mantendo-os na liga dos eleitos. Assim, ‘habemus papa’, espírito santo, apóstolos e, não tem/os nada! optar para chegar ao resultado final. É que apesar de fazerem parte da equipa uma série de jogadores de qualidade acima da média, a realidade é que quase nunca contou com todos em simultâneo e a enfermaria nunca teve mãos a medir tal a vaga de lesões que afectaram a sua equipa. Assim, RV entre jogar bonito para deleite dos adeptos ou jogar para pontuar, o mister optou por esta solução, muito embora tenha agradado apenas àqueles que pensam mais com a cabeça do que com o coração. Desta forma, já com o título garantido, até se deu ao luxo na última jornada de ter dado oportunidade a quatro jogadores que até aínão tinham tido hipóteses de mostrar o seu valor. Hoje, mesmo aqueles que protestaram pelo facto do SLB não dar espectáculo, festejaram o 36º graças ao doloroso “apertar do cinto” que durou 33 jornadas. Se me permitem, e salvaguardando as devidas especificidades, há aqui uma similitude com os festejos da saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) em que se encontrava desde 2009 e que o actual governo conseguiu encerrar com mérito. No entanto seria politicamente desonesto esquecer que o anterior governo herdou tal situação, não com o país na enfermaria – mas já moribundo, falido, sem dinheiro para mandar cantar um cego – e, por isso, teve necessidade de por a equipa a jogar para o resultado, o chamado jogo sujo, onde talvez por vezes tenha exagerado nas tácticas, mas que os resultados apareceram mais tarde e, assim, todos podem festejar, embora com todas as cautelas para não voltarmos a cair em tal situação. Termino com uma frase de Marcelo quando felicitou o actual primeiro-ministro, António Costa, e o anterior, Pedro Passos Coelho, considerando que a decisão de encerramento do PDE foi possível «pelo trabalho dos respectivos governos», a que acrescentarei... a uns sai-lhes a fava, a outros o brinde.