Outros é que são responsáveis?
Na vida financeira, como em muitos outros campos, temos tendência a primeiro procurar explicações alheias às nossas responsabilidades. Se ficamos desempregados a culpa é do patrão. Se não podemos comprar o que gostaríamos a culpa é dos políticos. Se estamos com dificuldades em pagar os créditos a culpa é dos bancos. E por aíadiante. Há muitas situações que nos são alheias e não quero generalizar esta análise a toda a população. Mas em muitas situações a primeira reação é fugir das nossas responsabilidades. Este comportamento é muito típico na relação cliente vs. instituição de crédito. Ficamos surpreendidos com a forma agressiva dos credores cobrarem o que lhes é devido, mas não percebemos que temos mesmo de tomar decisões na vida que nos façam cumprir com as obrigações que assumimos. O facto de muitas vezes ser incomodativo a forma como cobram a dívida não é justificação para não assumirmos que somos nós que estamos em falta. Uma dívida é um assumir de uma responsabilidade. O devedor assume o compromisso de pagar o que lhe foi “emprestado” (mais correto seria dizer: o que lhe foi vendido) e tem a responsabilidade de cumprir com o estabelecido entre as partes. Esta verdade é tão elementar, mas é frequentemente ignorada. O drama pessoal de não conseguir pagar uma dívida deve ser atendido e há mecanismos que ajudam a regularizar situações de incumprimento, mas não devemos demitir-nos do nosso lugar e apontar o dedo a terceiros (ao “sistema”). Lembremo-nos que quando apontamos o dedo a alguém, temos sempre outros 3 ou 4 dedos apontados a nós próprios. Primeiro passo para melhorar a situação financeira é arregaçar as mangas e assumir que é da minha responsabilidade encontrar formas de as pagar. É sempre melhor partir do próprio a iniciativa de corrigir as dificuldades, do que estar à espera que venham ter connosco para iniciar esse caminho negocial.