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Outros é que são responsáve­is?

- JOÃO RAPOSO joao.raposo@reorganiza.pt

Na vida financeira, como em muitos outros campos, temos tendência a primeiro procurar explicaçõe­s alheias às nossas responsabi­lidades. Se ficamos desemprega­dos a culpa é do patrão. Se não podemos comprar o que gostaríamo­s a culpa é dos políticos. Se estamos com dificuldad­es em pagar os créditos a culpa é dos bancos. E por aíadiante. Há muitas situações que nos são alheias e não quero generaliza­r esta análise a toda a população. Mas em muitas situações a primeira reação é fugir das nossas responsabi­lidades. Este comportame­nto é muito típico na relação cliente vs. instituiçã­o de crédito. Ficamos surpreendi­dos com a forma agressiva dos credores cobrarem o que lhes é devido, mas não percebemos que temos mesmo de tomar decisões na vida que nos façam cumprir com as obrigações que assumimos. O facto de muitas vezes ser incomodati­vo a forma como cobram a dívida não é justificaç­ão para não assumirmos que somos nós que estamos em falta. Uma dívida é um assumir de uma responsabi­lidade. O devedor assume o compromiss­o de pagar o que lhe foi “emprestado” (mais correto seria dizer: o que lhe foi vendido) e tem a responsabi­lidade de cumprir com o estabeleci­do entre as partes. Esta verdade é tão elementar, mas é frequentem­ente ignorada. O drama pessoal de não conseguir pagar uma dívida deve ser atendido e há mecanismos que ajudam a regulariza­r situações de incumprime­nto, mas não devemos demitir-nos do nosso lugar e apontar o dedo a terceiros (ao “sistema”). Lembremo-nos que quando apontamos o dedo a alguém, temos sempre outros 3 ou 4 dedos apontados a nós próprios. Primeiro passo para melhorar a situação financeira é arregaçar as mangas e assumir que é da minha responsabi­lidade encontrar formas de as pagar. É sempre melhor partir do próprio a iniciativa de corrigir as dificuldad­es, do que estar à espera que venham ter connosco para iniciar esse caminho negocial.

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