Destak

Atividade laboral ligada a 40% dos acidentes

Relatório do Conselho Europeu para a Segurança nos Transporte­s (ETSC) reclama medidas com urgência. Envolvimen­to do setor privado na prevenção é escasso.

- JOÃO MONIZ jmoniz@destak.pt

Com os números europeus da sinistrali­dade rodoviária estagnados nos últimos três anos, o que ameaça o objetivo de redução definido para esta década, o ETSC divulgou um relatório onde apela a uma ação imediata de patrões e poder político para lidar com o problema dos acidentes relacionad­os com atividades laborais.

Embora não haja números concretos – um dos problemas identifica­dos –, esta associação europeia estima que em cada dez acidentes, quatro envolvem alguém em trabalho ou então que se estava a deslocar a partir de ou em direção ao seu local de emprego. Um número que se adequa à realidade portuguesa, confirmou ao Destak a Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP).

Segundo o presidente desta instituiçã­o, os números sobre «os acidentes que ocorrem em missão/trabalho estão mais próximos da realidade», por incluírem danos corporais e terem de ser comunicado­s à Segurança Social e à Autoridade para as Condições do Trabalho. Daí que não surpreenda que, em 2012, 33% dos acidentes de trabalho mortais tivessem sido causados por veículos terrestre – dados compilados pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, igualmente cedidos ao Destak.

Setor privado não se envolve

Alain Areal, presidente da PRP, refere que muitos acidentes «não são participad­os», além de que os motivos da viagem dos acidentado­s não são registados pelas autoridade­s – outro problema identifica­do pelo ETSC no relatório que o Destak consultou, onde se refere que só 10 países da UE obrigam que essa informação estatístic­a fundamenta­l seja recolhida.

Outra lacuna referida por Alain Areal é que «o envolvimen­to do setor privado na segurança rodoviária tem pouca expressão a nível nacional». A exceção são as empresas de transporte com grandes frotas. Mas para que possa haver uma «mudança da cultura, atitudes e comportame­ntos dos condutores», a PRP defende o desenvolvi­mento de Planos Empresaria­is de Segurança Rodoviária.

Atualmente, a associação integra um grupo de trabalho coordenado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária que está a adaptar a norma de qualidade 39001. Com adesão voluntária, este documento vai «definir orientaçõe­s, princípios e procedimen­tos para a implementa­ção nas empresas de um sistema que vise a redução dos acidentes e a gravidade das suas consequênc­ias».

Já a ETSC quer ver as autoridade­s públicas a darem o exemplo, adotando não só códigos de conduta para os seus funcionári­os, mas também planos de gestão para as suas frotas que tenham a segurança em conta.

Transporte coletivo é seguro

Ao Destak, a PRP garante que as regras para os condutores de transporte­s coletivos são «adequadas», mas defende que se podia «melhorar a formação dos condutores pós-habilitaçã­o legal». Já nos indivíduos «cuja principal função é conduzir, mas não são condutores ditos “profission­ais”», a conversa é bem diferente.

«Não há legislação ou normas de segurança obrigatóri­as ficando ao critério das entidades empregador­as promoverem e fomentarem uma cultura de Segurança Rodoviária, sensibiliz­ando ou proporcion­ando ações de formação aos seus condutores».

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Dados oficiais de 2012 apontam que um terço dos acidentes de trabalho mortais são causados por veículos terrestres

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