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Na valência da independên­cia

- JOÃO MALHEIRO Jornalista

Durante uma quinzena, o futebol foi secundariz­ado no apreço popular. As eleições autárquica­s propiciara­m milhares de candidatur­as na mancha nacional, com pluralidad­e dos quadrantes ideológico­s, suscitando as atenções generaliza­das, porque são, todos os quadriénio­s, a mais exaltante revelação de proximidad­e do regime democrátic­o. O mapa político-geográfico não se alterou de forma substancia­l, ainda que o PS, também em virtude da nota positiva da sua governação, possa reclamar os maiores louros, ao invés do PSD, num registo tão minguado quanto suscetível de provocar múltiplas convulsões internas.

Acompanhei, de forma apaixonada, as contendas eleitorais em duas autarquias, às quais me ligam laços afetivos (Loures) e até superlativ­os (Vila do Conde). Ao triunfo de Bernardino Soares, no sexto maior município de Portugal, somou-se a vitória arrebatant­e de Elisa Ferraz, encabeçand­o uma lista independen­te, na Princesa do Ave, terra que Régio cantou «espraiada entre pinhais, rio e mar».

Após consecutiv­as maiorias absolutas do PS, a Câmara de Vila do Conde foi conquistad­a por um movimento, criado há quatro meses pela líder autárquica, socialista dissidente, que alcançou triunfo robusto, à custa de 60% do eleitorado do PSD/CDS, 50% da CDU, 30% do PS e 20% do BE, constituin­do-se uma das notas pertinente­s no recente sufrágio do poder local.

A lista de cidadãos livres das amarras partidária­s, capaz de caucionar amplos pareceres sem constrangi­mentos de maior, sinaliza um fenómeno digno de redobrada atenção. Sem desprezar as formações partidária­s, no jogo autárquico a bola parece cada vez mais fiel àqueles que, pelo ideal bairrista, sabem convergir e fundar consensos, a despeito de simpatias partidária­s. Trata-se de uma força em crescendo no campeonato autárquico.

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