Chamas deixam rasto de destruição
Área ardida no domingo é duas vezes superior a Pedrógão Grande. Incêndios no norte e centro do País mataram, pelo menos, 36 pessoas e 7 estão desaparecidas.
Depois de longas horas de aflição e de um caos absoluto, às 19h30 de ontem, no último balanço oficial do dia, a Proteção Civil contabilizava 47 incêndios florestais em curso, combatidos por quase 3600 operacionais e perto de 1100 viaturas – as condições atmosféricas tornaram os meios aéreos irrelevantes.
Para trás, uma tragédia sem precedentes. Se o fogo em Pedrógão Grande e zonas limítrofes ficou marcado por uma mortandade concentrada numa zona específica, as chamas deste domingo e madrugada de segunda-feira alastraram por vários distritos do centro e norte do País. A última contabilidade oficial apontava para a perda de 36 vidas, embora a RTP avançasse 38.
Viseu (19 mortos), Coimbra (14), Guarda (2) e Castelo Branco (1) choram as vítimas, que poderão aumentar, uma vez que estão desaparecidas 7 pessoas e entre os 63 feridos há 16 considerados graves – a última vítima mortal confirmada era um homem de 48 anos que não resistiu aos ferimentos; do mesmo modo que outra vítima era um bebé de apenas um mês que estava dado como desaparecido.
Proteção Civil criticada
As críticas à atuação das autoridades, e da Proteção Civil em particular, voltaram a ecoar. Ainda o País estava a digerir as conclusões do relatório sobre a atuação aquando da tragédia de 17 de junho em Pedrógão e Góis, e já as mesmas perguntas (sem resposta) eram outra vez colocadas. Por autarcas e bombeiros que se quei- ANTÓNIO COSTA Primeiro-ministro xaram de estar entregues à sua sorte – já para não falar nas populações que se viram sozinhas no combate às chamas – ou por especialistas.
Estes últimos garantem que, desde sexta-feira, que as previsões meteorológicas apontavam para uma situação de risco maior do que a verificada em Pedrógão. E voltaram a questionar porque a prevenção falhou, porque não foi posta em marcha uma atitude pró-ativa. E chegaram novamente à mesma conclusão: o atual sistema de combate não funciona e deve ser alterado com urgência.
Costa volta a prometer ação
PSD e CDS-PP voltaram a afirmar que o Estado fracassou; o PCP quer uma verdadeira reforma da floresta; e o BE quer juntar prevenção e combate. Numa comunicação oficial, o primeiro-ministro garantiu que «nada pode ficar como antes» e apelou a um largo consenso. Mas medidas concretas só no sábado, durante o Conselho de Ministros. E a ministra da Administração Interna é para manter.
«Temos de passar das palavras aos atos. A reforma da floresta é condição estrutural para melhor combate»