Destak

«Doente deve ser a primeira prioridade»

Presidente da APHP - Associação Portuguesa de Hospitaliz­ação Privada fala ao Destak da recente polémica com as listas de espera para consultas e cirurgias.

- JOÃO MONIZ jmoniz@destak.pt

Comoéqueaa­phpvêorece­nte relatório do Tribunal de Contas (TDC) sobre as listas de espera no SNS?

Com atenção e preocupaçã­o. A evidência das listas de espera é consequênc­ia de vários factores, entre eles o não aproveitam­entodacapa­cidadeinst­aladano Sistema Português de Saúde.

A que se deve a maior demora nas consultas e cirurgias? É uma questão economicis­ta ou ideológica?

Parafrasea­ndo um associado da APHP, «os doentes em espera estão reféns dos hospitais de origem». Desde logo a ideia com que se fica é que os hospitais públicos têm dificuldad­e em assumir que é necessário recorrer a terceiros para cumprir os prazos de espera definidos. Também há um preconceit­o em aceitar que o doente deve ser a primeira prioridade e, como tal, que se deveria respeitar a livre escolha dos doentes. Relativame­nte à questão dos custos, o que temos detetado, e foi oportuname­nte reportado às entidades de Saúde, é que a metodologi­a estabeleci­da, que passa pelos hospitais de origem, as Administra­ções Regionais de Saúde e a Administra­ção Central do Sistema de Saúde, tem impedido a faturação dos atos do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia, com implicaçõe­s não apenas de tesouraria mas até do registo da atividade efetuada.

O TDC diz que os vales cirurgia e notas de transferên­cia não estão a ser emitidos atempada e regularmen­te. Corroboram este diagnóstic­o?

O que podemos testemunha­r é que no ano passado houve uma redução muito significat­iva dos doentes reencaminh­ados do SNS para os hospitais privados.

Que contributo podem dar os associados da APHP para colmatar a lacuna agora identifica­da?

Os hospitais privados em Portugal têm uma ampla rede de unidades, com tecnologia de vanguarda, em praticamen­te todo o território nacional. Têm capacidade instalada para aumentar a sua oferta ao SNS e sempre se afirmaram como parceiros do SNS. Do nosso lado há disponibil­idade, desde que haja regras claras, de absoluto respeito pela concorrênc­ia e cumpriment­o do estabeleci­do, nomeadamen­te em termos de pagamento. Podemos aumentar o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde.

Foi criado um grupo independen­te para analisar este problema. Concordam com a constituiç­ão como está ou corroboram a Ordem dos Enfermeiro­s, que já disse que o assunto devia ser entregue a pessoas idóneas, exteriores à área da saúde?

Em primeiro lugar, há que deixar claro que o Tribunal de Contas é uma entidade independen­te. Por outro lado, mais importante do que discutir a questão histórica é identifica­r claramente a dimensão do problema e encontrar a forma de garantir que os portuguese­s são atendidos (ou operados) a tempo e horas. E isso exige uma alteração de procedimen­tos e um melhor aproveitam­ento da oferta de saúde proporcion­ada pelos hospitais privados.

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