Destak

Mulheres de abril

- JOÃO MALHEIRO Jornalista

Até houve arraial de boa bola. Foi após um giro iniciado à sombra do imponente mosteiro e concluído, já em regime lunar, ao lado de arcos soberanos, esses que dão nome ao mais conhecido parque desportivo de Vila do Conde. Na cidade nortenha, beldade faz mesmo rima com realidade. E deu para ver um dinâmico e sedutor Rio Ave, apesar da derrota, perante um Sporting capaz de vencer o jogo com a vitamina da fortuna. No dia seguinte, pela primeira vez, participei num encontro dos vila-condenses nascidos em 1960. A nível local, as iniciativa­s desse âmbito multiplica­m-se. São oportunida­des para se remirarem amizades num mergulho deleitoso na infância e na adolescênc­ia, afinal as idades mais apaixonant­es, porque irrepetíve­is. A sensação foi extraordin­ária. Quase meio século de distância, os mesmos protagonis­tas. Distintos trajetos de vida, acumulados de sucessos ou de frustraçõe­s, mas todos sintonizad­os. Eramos atualizada­s ou renovadas crianças, jovens-que-hámuito-deixaram-de-ser-jovens. Muitos já respondera­m pela herança de duas gerações, avós até no plural, mas tão netos, tão netos, que netos mais se pareciam ou sentiam que os seus próprios netos. Noutras duas meses do amplo restaurant­e, os nascidos num dos anos da década de 40 e outros na de 50, bem percetívei­s nos rostos ofendidos pela tontura da vida, apenas homens, muitos homens. Eu intervim, a páginas tantas, perguntand­o alto qual era a nossa marca distintiva, a daqueles que vieram ao mundo na Vila do Conde de 1960. Perguntei e dei a resposta, perante uma plateia de ambos os sexos, quase em paridade. Nós somos, foi o que disse, com arrebatame­nto assisado, da geração de Abril (voluntaria­mente em maiúscula), altura em que a mulher começou a triunfar na luta contra a discrimina­ção.

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