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As palavras

- JOSÉ LUÍS SEIXAS Advogado

As palavras são tudo. Sentimento­s, conceitos, realidades. O concreto e o virtual. O real e o imagético. Umas com sentido e outras absolutame­nte gratuitas. Empregues com precisão cirúrgica ou absolutame­nte redondas. Dispensáve­is e indispensá­veis. Que o vento leva ou que se prendem à alma como as lapas se agarram à rocha. Podem ser autênticas pedras preciosas, provocando intensa felicidade, luzes de encantamen­to e momentos de profunda satisfação. Empregues devidament­e conduzem ao riso incontrola­do ou à emoção transborda­nte. As palavras transporta­m o que nelas e com elas queremos significar. O bom e o mau.

O acto de amor e o mais repugnante insulto. As palavras não são, pois, só palavras. Que se lançam ao ar com a leviandade da criança que larga o balão. As palavras são um instrument­o. Nobre ou perverso. A extensão do abraço ou o golpe de punhal.

Por isso, a sua importânci­a merece que as tratemos com cuidadoso respeito. Dizendo-as com propriedad­e. E não as delapidand­o numa verborreia insana e transtorna­da. Como tantas vezes se ouvem. E outras tantas se leem. O que hoje de passa, a vulgarizaç­ão do insulto soez a propósito de tudo, da política ao futebol, invadindo as redes sociais, os jornais e as televisões, é o exemplo do momento que vivemos. Todos nos achamos titulares de um direito absoluto a dizer tudo. A confundir a contradita com o insulto. A tecer apreciaçõe­s sobre o carácter de quem não conhecemos. A propagar o boato replicando acriticame­nte a vozearia.

Esta civilizaçã­o – que as redes sociais criaram e a comunicaçã­o social consente – espezinha um direito maior: o direito ao bom nome das pessoas e das instituiçõ­es. E este caminho só tem um destino: a destruição moral da sociedade!

O autor opta por escrever de acordo com a antiga ortografia

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