Web Summit 2017
Vendo bem as coisas que a TV nos permite conhecer e avaliar, decorre em Lisboa uma feira internacional, a que chamam conferência de tecnologia sob o nome de Web Summit. Evento maior de que o país se deve orgulhar e conta, por isso, com o apoio babado dos governantes e presença ao mais alto nível. Futurismo e moda que produz grande alvoroço e, dizem, momento de grandes lucros para os cofres internos. Pode ser que sim. Mas o que eu vejo daqui de cima do monte da minha aldeia, e já sem eucaliptos a estorvar – que já só são esqueletos negros e secos na paisagem árida – é que ali chega, oriunda de todo o mundo, uma malta jovem, com ar feliz, folgazona e à procura de realização pessoal e empresarial, embora não saibam identificar e diferenciar uma folha de loureiro da de limoeiro. Uma rapaziada cheia de ideias e projectos para apresentar, novidades, comprar e vender, ou aliar-se a parceiros com boas ofertas naquele teatro de ciência avançada composta por plástico, lata, fibras, e placas impressas. Mas sobretudo inteligência humana. Acontecimento que arrasta até à capital do país contentores de material sofisticado e uma barrigada de jornalistas dos mais diversos órgãos de comunicação da especialidade. Mas a TV, também nos mostra, e isso retenho, que os intervenientes falantes, e candidatos-génios a intervenientes, quando cai a noite, parece que apreciam mais as zonas dos copos e do divertimento, como Mouraria e Bairro Alto, do que propriamente a dita feira das tecnologias futuristas, aonde até marcou presença o cientista famoso Stephen Hawking, que usa a sua inteligência, e não a artificial. Também em mau estado, surgiu abonecado o físico Einstein a falar com uma moça, que não é deste mundo.
De tal maneira me impressionaram as imagens que vi, que me provocou umas quantas interrogações. Será que aquela maralha ganha o suficiente para se deslocar a Lisboa, alojar-se, pagar forte e feio o que paga para entrar no recinto aonde tem lugar a conferência, que se repete, e ainda tem carcanhol suficiente para a ‘night’ copofónica e bem animada? Pelos vistos tem. Só que a impressão que me deixa é que tal feira devia chamar-se ‘Feira da Tecnoenologia 2017’. E aínós dávamos cartas e lições na matéria, e revolucionávamos os cérebros que nos visitam, e as exportações do néctar das nossas vinhas mais avançadas, que se transaccionam e se consomem nos bares que eles frequentam durante a estadia, aumentavam exponencialmente, e até a “Sofia-robótica” saía de cá a cantar o fado, numa dança de fantasia. Seria isto mau negócio? Bem. Vou ali ordenhar a minha cabrinha, pelo método tradicional, e já volto. Méeeeh…!