Prevenção deve ganhar mais peso
Especialista justifica fraca aposta na prevenção com falta de interesse político; Zero apresenta medidas para recuperar floresta; e atraso do PS preocupa BE.
Com um número recorde de ignições (15 mil por ano) em relação a outros países com condições semelhantes, Portugal não está a lidar bem com os incêndios florestais por cinco razões principais: o risco meteorológico; a ligação perdida entre agricultura e floresta; a desertificação; as alterações climáticas; e sobretudo a escassa aposta na prevenção, em detrimento do combate aos fogos.
O diagnóstico é de Filipe Duarte Santos. O especialista em alterações climáticas, professor jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e presidente do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável afirma categoricamente que a prevenção «não tem visibilidade», não se apostando nela porque «não é politicamente muito atrativa». E salienta que, «nas regiões em que há torres de vigilância, pessoas que vigiam, o número de incêndios, em média, é menor».
Numa altura em que, precisamente, se deviam iniciar os procedimentos preventivos, o BE fez ontem um alerta: «preocupa-nos muito que a uma semana de entregar propostas na especialidade para o Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), o PS, o partido que está no Governo [...], não tenha ainda começado a debater o pacote de respostas aos fogos florestais».
Já a associação ambientalista Zero fez dez recomendações à sociedade civil com o objetivo de ajudar à recuperação da floresta portuguesa. Entre elas a estabilização dos solos nas áreas ardidas antes de ser feita qualquer sementeira/plantação, de preferência com plantas de origem nacional.
Porseulado,acaritasvaidefinirum plano de ação em emergências, onde se incluem incêndios, sismos e cheias.