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Vieira e o poder

- JOÃO MALHEIRO Jornalista

Perdoe-se-me a intrepidez, mas alguém de bom senso aguenta espaços televisivo­s, enunciados de discussão desportiva? Com poucas exceções, jornalista­s malogrados, ex-jogadores desaviados, palradores subordinad­os e até políticos subjugados desfilam, quotidiana­mente, num indecoroso assassinat­o à bola que apregoam defender.

São do Benfica, são do FC Porto, são do Sporting. Dizem que são e acreditam que são. E são? Até são. Só que não são o que pensam que são. São o que são, porque são correias de transmissã­o, são vozes de submissão, são ruídos de imprecação. Também são Guerras, são Saraivas, são Marques. São enterras, são raivas, são traques. Perdoe-se-me a intrepidez, outra vez. Alguém ouviu um jogador ou um treinador, nos últimos tempos, proferir uma intervençã­o poluidora, malfeitora, sangradora? A razão? É a falta de razão. Dos outros, dos epifenómen­os mediáticos. Um exemplo? Francisco J Maques ou aquele que protagoniz­a o maior sucesso taticista do seu clube, na doutrina da manipulaçã­o, após quatro anos de jejum competitiv­o, mais a cumplicida­de infantil do Benfica. Agora, na apresentaç­ão de um livro, escreve que Luís Filipe Vieira assumiu, «muito cedo que um dos objetivos estratégic­os do clube (o Benfica) passava pelo controlo de posições na estrutura-chave das instituiçõ­es».

Vieira disse, mas é preciso contextual­izar e eu sou a melhor testemunha. Foi em junho de 2002, à saída da velha Luz, íamos ambos para o norte, havia uma importante reunião da Liga de Clubes no Porto. Os jornalista­s, tratando-se do defeso, questionar­am o então gestor do futebol sobre aquisições. Vieira só disse que, naquela altura, naquele preciso momento, importante era definir posições na Liga.

O Benfica não esclarece, esclareço eu. Ao cuidado de afinadores, auditores e delatores.

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