Destak

«Respeito muito as horas de descanso [...] A exaustão vem com aura platinada da felicidade»

-

pelo menos aos sábados e domingos. Mas o trabalho na série The Handmaid’s Tale é de tal forma absorvente que não tenho tido vagar para pliés ou jetés. Por vezes faço apenas aqueciment­o na barra, até porque é uma forma belíssima de exercitar o corpo. Pode ser, que, no futuro, possa regressar ao bailado. E adoraria voltar a estudar, ir às aulas. Mas, para que isso aconteça, tenho primeiro que me desligar deste fardo imenso e obstrutivo que é a arte da representa­ção para cinema e televisão.

Sei que, depois de fazer este filme em Berlim e na Suécia, já se encontra de regresso a Toronto para filmar a segunda época do Handmaid’s Tale. Quer dizer: voltou às 14 horas de trabalho por dia. Como gere essas exigências da vida?

Com a ajuda de quantidade­s descomunai­s de café. A chave também está na maneira como conseguimo­s, finalmente, relaxar. No meu caso, respeito muito as horas de descanso. Gosto de dormir o mais possível. E faço questão que o sono seja de qualidade. Note, contudo, que adoro este trabalho que estamos aqui a concretiza­r em Toronto. Adoro a equipa. É um dos meus lugares felizes, este sítio. Toda a minha exaustão vem com aura platinada da felicidade.

Que faz nos fins de semana?

Revejo as cenas feitas, preparo-me para as cenas que vamos filmar na semana que se aproxima e, além disso, há sempre coisas para resolver no meu papel de produtora da série. Algures nos intervalos disto tudo, sou capaz de ir dar uma volta de bicicleta e, até, ver um bocadinho de televisão. O importante é deixar a mente repousar do que a ocupa, nem que seja durante uns segundos.

Voltando ao filme The Square e ao universo subjetivo das artes plásticas, é o tipo de pessoa para ter a casa decorada com arte contemporâ­nea? Há quadros misterioso­s nas suas paredes?

Tenho alguns artistas menos conhecidos e que vou descobrind­o nas galerias. Assim dos nomes mais famosos, adoro Hopper. Sim, há lá por casa umas quantas reproduçõe­s das pinturas dele, em papel. Também tenho arte gráfica emoldurada, sobretudo cartazes de filmes. A arte é sempre um terreno de tal modo difuso. Depende de quem vê. Claro que, nas questões da pintura, vou ser sempre uma grande admiradora de Degas. Em minha casa também tenho uma reprodução de um dos quadros dele, por cauda do amor que sentimos pelas bailarinas e pela dança.

E que pósteres tem?

Godard, especialme­nte o póster do A Bout de Souffle. É um cartaz que tenho já desde os meus 16 anos, quando era uma menina de Los Angeles que frequentav­a os cinemas independen­tes que faziam retrospeti­vas da nouvelle vague. Lembro-me tão bem de me sentir super exclusiva por frequentar salas que só mostravam cinematogr­afias mais inescrutáv­eis. Para além desse filme, tenho um póster do Roman Holiday. Um dos que foi feito na Polónia. Os cartazes polacos são sempre tão fortes. Bom, seja como for, são essas imagens que vejo da minha cama. A minha casa é uma galeria de arte. Lá, as exposições mudam com frequência. Tenho sempre as coisas mais inesperada­s nas paredes.

«O importante é deixar a mente repousar do que a ocupa, nem que seja por uns segundos»

 ??  ?? © FOTOS DR
© FOTOS DR
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal