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Petição pelos direitos durante o parto

Signatário­s realçam os bons resultados na mortalidad­e neonatal, mas recusam que eles sejam alcançados a todo o custo e pedem mais respeito pelas mulheres.

- REDAÇÃO redacao@destak.pt

Mais de 4700 pessoas assinaram uma petição dirigida ao Parlamento a pedir o «fim da violência obstétrica» e a revisão da legislação para garantir que os direitos das mulheres durante o trabalho de parto são cumpridos. Avança a Agência Lusa que os signatário­s pedem a «intervençã­o urgente num flagelo» que consideram ocorrer no país e no Serviço Nacional de Saúde, entendendo a «violência obstétrica» como uma «forma institucio­nal de violência» no contexto da assistênci­a à gravidez e pós-parto, que pode passar por abusos verbais, práticas invasivas, uso desnecessá­rio de medicação, intervençõ­es não consentida­s ou humilhação.

«Portugal é um dos países com a mais baixa taxa de mortalidad­e neonatal do mundo, facto pelo qual todos nos congratula­mos. Mas a visão de que basta sair do hospital uma mãe e um filho vivos é extremamen­te redutora e inaceitáve­l», refere o texto da petição. Só que estes bons indicadore­s camuflam uma realidade: «a violência física e psicológic­a por parte de alguns profission­ais de saúde, que abusam da sua posição e do seu poder num momento em que a mulher precisa de apoio e de se sentir acolhida e respeitada».

Mudar a formação no setor

A petição endereçada ao Parlamento, ao Presidente da República e ao ministro da Saúde pretende que seja revista «toda a formação dada aos profission­ais da obstetríci­a», bem como a legislação que assiste os direitos da mulher na gravidez e no parto. Propõe-se a criação de um plano individual de parto, a instituir a nível nacional, para que «os desejos da mulher durante o trabalho de parto sejam cumpridos, salvo em situações de clara emergência».

A Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto realizou entre 2012 e 2015 um inquérito sobre experiênci­a de parto em Portugal. Das 3800 mulheres que respondera­m, mais de 43% disseram não ter tido o parto que queriam.

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«Alguns profission­ais de saúde abusam da sua posição e do seu poder»

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