O cabotino
Sempre citei Einstein e a sua «duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana; mas em relação ao universo, não tenho a certeza absoluta». Sempre citei também Confúcio e a sua «somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam». Sempre citei Millor Fernandes e a sua «errar é humano, ser apanhado em flagrante é burrice». O Benfica, com a cumplicidade dos seus e de outros órgãos de informação, pariu uma excrescência. A vida é, amiudadas vezes, pouco gentil. A vida é, amiudadas vezes, muito ingrata. Até a formusura pode parir uma agrura. Até a majestade pode parir uma disformidade. Ao Guerra há quem qualifique de cabotino, há quem qualifique de cretino, há quem qualifique de desatino. Ao Guerra há quem classifique de aldrabão, há quem classifique de charlatão, há quem classifique de canastrão. Ao Guerra há quem catalo- gue de idiota, há quem catalogue de chacota, há quem catalogue de batota. Por que será que provoca um hino? Por ser desatino? Por ser cretino? Diz-se que o Guerra se deixa tratar por doutor, que o Guerra se deixa destratar, que o Guerra se deixa humilhar. Diz-se que o Guerra não passa de um puxa-saco, que o Guerra não passa de um fraco, que o Guerra não passa de um velhaco. Diz-se que o Guerra é uma traição que magoa a televisão. Diz-se que o Guerra só complica o Benfica. Diz-se que o Guerra é um anzol para lesar o futebol.
Por isso, também se diz que esse anedótico Guerra merece guerra, que esse alpinista Guerra merece guerra, que esse emplastro Guerra merece guerra. A guerra da verdade, a guerra da dignidade, a guerra da sanidade. Será que o Benfica quer continuar sem rei e sem roque? Quer continuar a reboque? Será que o Benfica quer continuar sem eira e sem beira?
Quer continuar sem Vieira?