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Nádia Piazza, a mulher do ano

- JORGE MORAIS Porto

Tivesse havido a nomeação para mulher do ano, não hesitava votar em Nádia Piazza. Esta Mulher, sim com letra maiúscula, perdeu nos incêndios de Pedrogão Grande três familiares, em que um deles era um filho de cinco anos. A dor que Nádia sofreu ao ver o futuro risonho pelo qual sonhava transforma­r-se num pesadelo é pior que um filme de terror. Nádia, que podia ter desistido atirando a toalha ao chão, transformo­u o sofrimento em força e criou a AVIPG, uma associação de apoio às vítimas daquela fogueira que ceifou a vida a 66 pessoas. Na altura, ainda o fumo saía das cinzas, o responsáve­l máximo do Governo, António Costa, demonstran­do uma insensibil­idade medonha, parte para uma semana de bronzeamen­to em Palma de Maiorca. Será difícil imaginar o que aquelas populações, que perderam familiares, amigos, os seus haveres e a paisagem antes verdejante pintada agora de negro, verem o Primeiro-ministro partir de férias? Pela certa que tal atitude lhes ficou bem gravada nos seus corações. O tempo passou, mas com as feridas ainda bem abertas, a AVIPG convidou entre outros, o Presidente Marcelo, que nunca os abandonou e lhes deu o ombro amigo para aquela gente chorar, e considerá-lo por isso mesmo, e em sinal de gratidão, um familiar querido, tendo ficado de fora da lista dos convidados o veraneante António Costa. Embora não fosse necessário prová-lo, Nádia, Mulher com coluna vertebral, questionad­a sobre o que a tinha lavado a não convidar tal per- sonalidade, respondeu apenas «Nas ocasiões especiais só convidamos quem é da família». E não é que logo se lê nas redes sociais de gente habituada a rastejar por um prato de lentilhas, uma admoestaçã­o a Nádia lembrando-lhe que só com boas maneiras e não hostilizan­do quem tem o poder lhe poderá resolver os problemas. (..) Tudo isto é muito baixo e reles, mas é com esta gente que temos que levar. Obrigado Nádia. (...)

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