Vamos lá ter calma
Antes de mais, total honestidade: gosto do estilo de Sérgio Conceição, da frontalidade, sobretudo como, salvo algumas exceções, trata os jornalistas de igual para igual, como parte integrante do que é ser treinador de futebol e não como um grupo de tipos que é preciso aturar, amansando com umas quantas patacoadas vazias ou e usar quando dá jeito. E é por gostar da forma como Sérgio Conceição comunica que acredito que talvez o limite seja mesmo dizer que um treinador de uma equipa adversária é como um boneco que o filho tem lá em casa. É certo que Sérgio Conceição já se retratou. Da comparação, não exatamente do que pensa – e disso não tem de o fazer – o que mostra que o técnico do FC Porto já não é o vendaval de outros tempos. E isto é um elogio. Mas não se pense que isto é um exclusivo de Portugal, que às vezes, e particularmente nos últimos meses, parece a fonte de tudo o que é mau no comportamento dos agentes desportivos. Basta olhar para Inglaterra e para a guerra de palavras entre José Mourinho e Antonio Conte, em que já foram utilizadas expressões como “palhaço”, “demência senil”, “homem pequeno” ou “personalidade baixa”. Escalpelizando tal guerra, que Conte, treinador do Chelsea, já disse que só vai terminar com um “cara-a-cara”, perguntamo-nos se por cá, as palavras não poderão escalar para termos semelhantes. Talvez não, esperemos bem que não. Mas talvez esteja na hora de ter alguma calma. Calma a reagir perante resultados negativos, calma a reagir face a uma suposta má arbitragem, calma na hora de atacar colegas de trabalho. Sou frontal. Falo de uma forma apaixonada. O exemplo que eu dei foi menos feliz da minha parte.»
O treinador dos dragões falou ainda sobre o mercado de inverno, lamentando que seja tão longo: «devia ser só uma semana». Sobre a chegada de reforços para a sua equipa, «há sempre a possibilidade de ajustar, mas se vier é alguém para acrescentar e não só por vir».