Já vi este filme
Os indicadores de novo crédito em Portugal continuam a disparar. Mês após mês surge um novo relatório com dados a confirmar este aumento, que contrasta com a diminuição das poupanças. Mas será o crédito algo que nos deve assustar? Na teoria, não. Mas na prática não podemos ignorar a preocupação destes dados que tem sido demonstrada por várias entidades. Ainda esta semana, o BDP refere 3 recomendações específicas para o crédito hipotecário: LTV, Taxa de Esforço e Maturidade dos empréstimos. Para perceber o que está em causa, temos de compreender o seu significado. O LTV (Loan-to-value) é o rácio de garantia apresentada face ao valor do empréstimo. Isto é, se tem um imóvel avaliado em 100 000€, e se o LTV for de 80%, significa que o banco concede crédito até aos 80 000€ (80% dos 100 000). O que o BDP vem recomendar, nos casos de Habitação Própria e Permanente, é um LTV máximo de 90%. Ou seja, não tenha mais ilusões de empréstimos à habitação sem ter capitais próprios para apresentar. Quanto à taxa de esforço, o BDP recomenda o teto máximo de 50% (com algumas exceções). Para o cálculo destes 50% devem ser considerados todos os empréstimos do mutuário e, se o empréstimo se estender para lá dos 70 anos, deverá ser considerada uma redução na contabilização do rendimento. Por fim, a maturidade dos empréstimos deverá ser em média 30 anos, face à atual média de 33 anos. Não significa que os empréstimos à habitação não possam ir até ao prazo de 40 anos, mas há uma recomendação para baixar a média destas maturidades. Parece-me que o mais relevante destas recomendações é o espírito que está por detrás delas: o BDP identifica sinais perigosos na concessão de crédito e não foi assim há tanto tempo que o país sofreu as consequências por comportamentos idênticos.