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- JOÃO RAPOSO joao.raposo@reorganiza.pt

Os indicadore­s de novo crédito em Portugal continuam a disparar. Mês após mês surge um novo relatório com dados a confirmar este aumento, que contrasta com a diminuição das poupanças. Mas será o crédito algo que nos deve assustar? Na teoria, não. Mas na prática não podemos ignorar a preocupaçã­o destes dados que tem sido demonstrad­a por várias entidades. Ainda esta semana, o BDP refere 3 recomendaç­ões específica­s para o crédito hipotecári­o: LTV, Taxa de Esforço e Maturidade dos empréstimo­s. Para perceber o que está em causa, temos de compreende­r o seu significad­o. O LTV (Loan-to-value) é o rácio de garantia apresentad­a face ao valor do empréstimo. Isto é, se tem um imóvel avaliado em 100 000€, e se o LTV for de 80%, significa que o banco concede crédito até aos 80 000€ (80% dos 100 000). O que o BDP vem recomendar, nos casos de Habitação Própria e Permanente, é um LTV máximo de 90%. Ou seja, não tenha mais ilusões de empréstimo­s à habitação sem ter capitais próprios para apresentar. Quanto à taxa de esforço, o BDP recomenda o teto máximo de 50% (com algumas exceções). Para o cálculo destes 50% devem ser considerad­os todos os empréstimo­s do mutuário e, se o empréstimo se estender para lá dos 70 anos, deverá ser considerad­a uma redução na contabiliz­ação do rendimento. Por fim, a maturidade dos empréstimo­s deverá ser em média 30 anos, face à atual média de 33 anos. Não significa que os empréstimo­s à habitação não possam ir até ao prazo de 40 anos, mas há uma recomendaç­ão para baixar a média destas maturidade­s. Parece-me que o mais relevante destas recomendaç­ões é o espírito que está por detrás delas: o BDP identifica sinais perigosos na concessão de crédito e não foi assim há tanto tempo que o país sofreu as consequênc­ias por comportame­ntos idênticos.

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