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Estado atrasa-se a pagar mais 221M€

No ano passado, e pela primeira vez desde 2011, o valor dos pagamentos em atraso das administra­ções públicas aumentou (25,9%). Envelhecim­ento ameaça economia.

- JOÃO MONIZ jmoniz@destak.pt

Entre 2011 e 2016, o Estado iniciou uma redução da dívida a fornecedor­es, que ao longo desses seis anos passou de 4724 milhões de euros (M€) para 854M€, uma redução de 81,9%. Mais do que interrompi­da, essa tendência foi invertida no ano passado: as administra­ções públicas passaram a dever 1075M€, um acréscimo de 221M€ (+25,9%) face a 2016.

Na sua nota sobre a execução orçamental, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) aponta os hospitais EPE como os grandes culpados pela escalada da dívida, pois os pagamentos em atraso cresceram 293M€ nestas instituiçõ­es. Um aumento que foi «parcialmen­te atenuado» pela redução da dívida na administra­ção local (menos 47M€) e na administra­ção regional (menos 21M€).

Pressão nas contas públicas

Porque o peso da dívida permanece «muito elevado em relação aos seus pares europeus», a Moody’s considera que Portugal continua a ser mais sensível às alterações dos mercados. Por outro lado, a agência de notação financeira – a única entre as três principais que mantém o país com uma nota de ‘lixo’ – alerta que o envelhecim­ento da população e a pressão que exerce sobre as contas públicas, nomeadamen­te sobre a saúde, traz desafios que podem prejudicar a avaliação do rating português.

A Moody’s lembra que a maioria dos países da União Europeia vai estar «super envelhecid­a» em 2030, com mais de 20% da população a ter 65 anos ou mais. Portugal, Malta, Eslováquia e Croácia são, de acordo com as projeções da Comissão Europeia, os países mais expostos a esta pressão nos cuidados de saúde.

Este alerta da agência é corroborad­o por um inquérito da Universida­de Católica, que aponta o envelhecim­ento da população (54,5% dos inquiridos) e a qualidade da justiça (54,3%) como os principais desafios de Portugal. Seguem-se a competitiv­idade (45,7%), a burocracia (39,5%) e a dependênci­a do Estado (37%).

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Serviços de saúde vão ter mais despesa com o envelhecim­ento da população

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