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APAV apoia 19 novas vítimas a cada mês

Em dois anos, associação ajudou 446 crianças e jovens, a maior parte com 14 a 17 anos. Vários motivos levaram a que 18,8% dos casos não fossem denunciado­s.

- JOÃO MONIZ jmoniz@destak.pt

No âmbito do Dia Europeu da Vítima de Crime que ontem se assinalou, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) fez um balanlo da Rede CARE desde que foi lançada em 2016. E os dados, consultado­s pelo Destak, dão que pensar.

Ao longo dos últimos dois anos, a APAV auxiliou 446 crianças e jovens vítimas de violência sexual, a um ritmo de 19 novos casos por mês. Foram ainda ajudados 103 familiares e amigos. O abuso sexual (63,6%) foi o principal crime perpetrado, seguido de outros contra a liberdade sexual, como violação (7,5%), importunaç­ão (6,6%) ou coação (4,8%).

A esmagadora maioria (79,1%) das vítimas eram meninas, com idades entre os 14 e os 17 anos (35,9%) ou dos 8 aos 13 (30%). Pouco mais de um terço (163) dos 446 casos foram registados no distrito de Lisboa, seguindo-se o do Porto (77 - 17%) e o do Algarve (30 - 7%).

Quanto aos agressores, nove em cada dez eram homens e em 20% das vezes tinham menos de 25 anos. O contexto divide-se quase por igual entre familiares (pai e mãe com 21,4%, padrasto e madrasta com 11,7%, tio e tia com 6,4%, avô e avó com 4,8%, irmão e irmã com 1,8% ou outro familiar com 7%) ou pessoas exteriores, sobretudo autores conhecidos sem relação (11,6%) ou desconheci­dos (9%) – colegas ou vizinhos são responsáve­is por 7% e 4,2%.

A AVAP avança que 81,2% destas situações foram reportadas e investigad­as, normalment­e pelas próprias vítimas. Mas 18,8% dos casos não foram denunciado­s, maioritari­amente (55% das vezes) por falta de dados, 13% por o autor ser inimputáve­l devido à idade e 32% por outros motivos que não são descrimina­dos.

Estado paga 850 000€ a vítimas

A missão da Comissão Nacional de Apoio às Vítimas de Crime foi reforçada, para incluir as vítimas particular­mente vulnerávei­s. Mas o teto do apoio estatal a cada uma das vítimas de crime mantém-se nos 34 680 euros. Em 2017, o Estado mais de 850 000 euros (215 000 por violência doméstica).

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Distrito de Lisboa registou mais de um terço dos casos em 2016 e 2017

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