A inovação
Nos últimos anos o nosso país tem dado passos importantes no campo da inovação. A crise que atravessámos obrigou os portugueses a reinventar-se e voltámo-nos para a criação do próprio emprego. Uma geração qualificada, ambiciosa e aberta às novas tecnologias e um suporte grande de estruturas criadas para a aceleração de pequenos negócios. O certo é que a inovação sempre nos esteve no ADN, faltavam os incentivos que felizmente apareceram.
Com os incentivos e com o sucesso económico surgem sempre tentações. A primeira é a de se criarem impostos e taxas para financiar o estado, câmaras e juntas de freguesia. A segunda é a de achar que tudo tem de ser legislado, talvez de modo a proteger interesses instituídos que não tiveram a capacidade de antecipar e gerir a inovação.
Dois exemplos são claros. Vimos isto com o alojamento local, que tem trazido inúmeros benefícios à economia e às famílias em Portugal e tem feito pela reabilitação aquilo que as leis e os incentivos estatais nunca fizeram. Vemos isso também com a Uber e afins que vieram desafiar o sistema atual com serviços de maior qualidade e uma melhor relação preço qualidade (creio que está visto que não são precisas leis e licenças para garantir a qualidade do serviço que está em crescendo). Gostamos de criar leis e licenças para tudo mas esquecemo-nos que muitas vezes é o próprio mercado que cria as leis mais eficientes. É necessário que exista espaço para uma livre concorrência que deixe ao consumidor a última palavra pois, em última análise, vivemos numa democracia. A concorrência traz consigo a inovação e a eficiência. Podemos negar esta força e desejar manter ligados à máquina modelos de negócio que estão obsoletos. O problema é que a dada altura vamos ser chamados a dar os cuidados paliativos em negócios que simplesmente deixam de fazer sentido.