Hospitais obrigados a enviar médicos
Ministério da Saúde quer evitar que as unidades hospitalares possam bloquear a saída temporária para o Algarve dos seus clínicos durante os meses de verão.
Não é um problema novo, mas agrava-se a cada ano que passa com o crescimento galopante do turismo. O mar de gente que invade o Algarve durante o verão pressiona os vários serviços, públicos e privados, mas os ligados à saúde são dos que mais sofrem.
Nesse sentido, o ministro da Saúde revelou ontem que está a «estudar para ver se, este ano, podemos avançar com um procedimento legislativo para mobilizar mais recursos para o Algarve no verão, independentemente da vontade dos hospitais de origem». E Adalberto Campos Fernandes relembrou que aos privados são permitidos «jogos de compensações» para aliciar os profissionais que estão vetados no público.
Esta situação deixa o SNS ainda mais fragilizado, porque a «luta e a competição pelos recursos no Algarve são brutais», região onde «os hospitais privados têm um mercado muito forte».
Quase 30% dos peritos de fora
Ao fim de vários meses de atraso, foi ontem publicado em Diário da República o concurso para colocar os mé- dicos recém-especialistas que terminaram o internato. Contudo, vão abrir apenas 503 vagas quando os profissionais aptos são 700. Daí que o bastonário da Ordem dos Médicos queira saber o que aconteceu aos restantes 197 (28%).
«Já deram um outro rumo à sua vida», comentou Miguel Guimarães, explicando que foram para o setor privado ou então emigraram. Há ainda outra hipótese: «o Ministério da Saúde cometeu a imprudência de permitir que hospitais com influência política contratassem diretamente os médicos». Algo que não foi permitido em Beja, Faro ou Vila Real.
Salvaguardar a especialização
Os médicos saudaram a aprovação do diploma do internato médico, mas alertam para a necessidade de consagrar no regulamento medidas que salvaguardem a formação especializada.