Destak

«[A minha mãe é o] grande governo de apoio à minha vida. Sem ela a minha carreira não existiria»

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Para isso, fui obrigada a enfrentar os medos que já tenho há muito tempo. Tive de sair da minha zona de conforto. Mas, no fim, senti-me feliz por ter feito o meu trabalho daquela maneira. O que temos aqui é um filme em que a nudez, incluindo a que se observa num contexto sexual, era vital para que a história ficasse bem contada.

Fale-me dos outros desafios físicos. Há bailado clássico russo. Há cenas de tortura. Há tiros e balas. Houve momentos mesmo difíceis durante a preparação?

Tive lições e ensaios de bailado clássico ao longo de quatro meses. Eram três horas por dia. Às vezes, mais. Porque se sabe como sou. Uma pessoa como eu não se transforma em ‘prima ballerina’ de um momento para o outro. O importante foi que aprendi a usar o meu corpo de uma maneira diferente. Esse aspeto era determinan­te.

Isso e a disciplina. Uma pessoa que se entregue ao mundo do bailado clássico russo precisa sempre de uma grande disciplina mental e física. As filmagens duravam, em média, 12 horas por dia. PS: logo que acabámos as cenas do bailado, organizei uma festa gourmet e caseira só com uma convidada: eu.

Gostei muito das cenas em que contracena com o grande bailarino ucraniano Sergei Polunin. Era a primeira vez que o Sergei fazia um filme. Prestou-lhe o apoio necessário?

Sim, é verdade. Era a primeira vez que ele entrava num filme e, ao mesmo tempo, era a primeira vez que eu entrava no mundo do bailado clássico. Ou seja, passámos muito tempo em sessões de entreajuda. O Sergei é tão atlético. Tão talentoso. Tão querido. E, nota à parte, tão ‘gato’ e adorável. O Sergei disse que tenho ossos de grande leveza. Resumindo: vou amá-lo até ao fim dos meus dias.

No filme, ela, a Dominika, tem uma relação trepidante, áspera, com tudo que é superior hierárquic­o

Tenho casa própria. Agora, aos 27 anos de idade, sinto que ainda tenho muita falta da minha mãe. Ela é uma espécie de grande governo de apoio à minha vida. Sem ela a minha carreira, simplesmen­te, não existiria. Sacrificou como ninguém, só para que eu pudesse ter esta carreira profission­al. E, confesso, procuro a opinião dela qualquer que seja o assunto ou a crise ... à exceção do tema “Rapazes”.

Voltando ao submundo da espionagem e dos ‘bunkers’ da dor: o que mais a aterroriza?

Entrevista­s. Uma pessoa pensa que está apenas a falar com outra, na maior, e, de repente, aparece tudo exposto nos meios de comunicaçã­o social. Veja o caso de uma das minhas capas da revista Vanity Fair. Todas as noites me deito com um nó no estômago. Só me apetece gritar: vá, mostra-te, aparece! Se e para ser terrível, então que seja terrível imediatame­nte! Não, agora de uma forma mais séria: o meu medo maior é, acidentalm­ente, ofender alguém. É um horror quando, sem querer, se ofende alguém. Isso é, de longe, aquilo que mais me rouba o sono.

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