Um congresso de esperança
OCDS sempre foi um partido da classe média. Dos pequenos e médios proprietários, empresários de pouca escala, profissionais liberais. Construiu-se sob a bandeira da democracia-cristã. Reconheceu-se numa ideia de Estado amparo e refúgio, caução da igualdade de oportunidades e pilar da convergência do esforço colectivo em benefício do bem-comum. Recordo bem o congresso do CDS de 1985, onde Adriano Moreira, então candidato incumbente, proclamou o CDS como o partido dos “novos pobres” (expressão pioneira ao tempo), isto é, da baixa classe média que se veria despojada do seu bem-estar em consequência das políticas monetaristas que eram já moda na Europa. Houve – e ainda há – muita gente que teima em ignorar que, em Portugal, só a direita dos interesses é liberal.
Muita gente teima em ignorar que, em Portugal, só a direita dos interesses é liberal
Nunca, porém, a direita dos valores que sempre se identificou como cristã-social ou democrata-cristã. Que nunca abjurou o Estado Social. Que sempre acreditou na economia social de mercado. Que sempre entendeu o Estado como mais do que o mero regulador. Que sempre defendeu a família tradicional, onde há pai e mãe e é desta diversidade criadora que se multiplica. Que é profundamente institucionalista. Os tempos mudaram muito e questionaram muitos arquétipos e modelos. O fim das ideologias foi aceite como dado adquirido e o relativismo como concepção florescente. O que se viu e ouviu neste último Congresso encheu-nos a alma de esperança. Temos gente nova e nova gente disponível a abraçar um projecto político de que o País tanto carece de ver retomado. O CDS já fez a diferença. O CDS pode voltar a fazer a diferença.
O autor opta por escrever de acordo com a antiga ortografia