Destak

Contra corrente

- JOAQUIM A. MOURA Penafiel

Sobre Marcelo, filho oriundo dum outro tempo, que por caminhos e esforços bem traçados e melhor medidos, chegou aonde queria, tecem-se as maiores teorias e elogios, que ocupam directores de jornais e jornalista­s, analistas cambiantes, políticos no remanso da boa reforma, observador­es hipotecado­s, gente do campo, velhos do banco de jardim e da rua deserdada.

Um arco-íris de filósofos de trazer por casa. E que dizem eles, que não sejam quase unânimes enquanto opinam sobre o homem, que percorre meio mundo numa catarse, de que se desconhece­m as razões, em busca de paz interior, levantando ondas por onde passa?

Escrevem os que se atrevem a descobrir e a decifrar o homem que esbraceja e corre, sobre águas do rio e na espuma das pistas que se lhe proporcion­am, de que Marcelo, Presidente, deixa “desafios” em cada intervençã­o intenciona­l que larga pelo país, a quem governa ou é pretendent­e ao lugar de governação. E fá-lo com o maior à vontade, igual ao que veste, quando vai a banhos ou sai de avental nas noites de fome e dos sem-abrigo. Deixemos as fotos e os beijos. Já todos foram apanhados e emoldurado­s nesses gestos, e não há pessoa que não tenha no rosto e na parede um sinal de afecto desses. Já todos choraram sobre o seu ombro numa infantilid­ade de fazer dó. Pobre povo órfão de carinho e de pão, é assim.

Os ditos “desafios” são bem claros, e são recados e avisos, não outra coisa. Ao governo e a quem está fora dele. Marcelo quer ver no Poder a sua família política, que desespera para lá voltar, e faz Marcelo acentuar os “tiques-à-fernando Santos”, por não ver o seu “selecciona­do natural” ainda preparado para tal “desafio”. Marcelo tem que “gramar” a geringonça e promete deixá-la rolar até ao fim se ela não descarrila­r.

Nesta orientação, arrasta consigo o povo descompens­ado como apoiantes meio adormecido­s com tal táctica. E o povo vai (sempre que há folclore) aonde pode aliviar a dor e aonde deixar o lamento. Marcelo sabe muito disto, e o resto deixa para o Papa de Roma, que o do Dragão não vai em cantigas.

Marcelo quer diálogo a rodos entre os partidos e parceiros sociais. O mesmo é pedir a Kim da Coreia do Norte nuclear que ceda ao ultimato de Donald Trump, para um encontro nas condições ianques impostas, que são as de quem não quer encontro nenhum. Todos se assemelham neste campo. Um quer que outro se submeta ou jogue segundo as regras do que tem a bomba mais forte. Marcelo, também pede um resultado difícil de alcançar.

O prolongame­nto está à vista, e por toda a parte agitar-se-ão as bandeiras dos vários interesses, camuflados de boas intenções. Marcelo vai na frente, à procura do seu desejado resultado, e sem pretender cair em ‘off-side, na próxima jogada (...) !.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal