Destak

A consulta

- JOAQUIM A. MOURA Penafiel

O comboio do costume, segue pelo trilho acordado, trepidante e gasto. Há um ambiente ainda pesado do mofo e do suor da véspera. De um ar quase rural, quase triste. Ninguém morreu, mas na carruagem há flores e meninos a chorar. Rasgam o silêncio das sombras que entram de fora.

É manhã cedo. As palavras isoladas erguem-se ao fundo, arrastam-se e chegam apertadas no espaço até ao último assento, onde os olhos são a mais viva expressão em movimento. Onde o ouvido, cada vez mais despertado, e agora interessad­o, parece querer forçar amizade com as conversas de ocasião.

De repente soa um apito. No percurso há mais uma estação. Paragem. O comboio detém-se nos carris. Os dedos percorrem a boca, e as unhas são roídas. Os viajantes agora falam e ouvem-se mais alto. Trocam impressões sobre saúde alguma, do trabalho pouco, e do tempo que faz no itinerário que não obedece ao horário. Olham ou perguntam com propósito de gume, as horas comprometi­das.

Mas o relógio, bem visível, move-se e consome segundos lentos. O comboio é que está parado há minutos longos. As carruagens vão cheias de sono perturbado. De vez em quando, escapa-se por uma janela entreabert­a o ressonar de alguém. O menino que arde em febre, sossega, já não chora e volta a dormir no colo suave da mãe tensa, com uma rosa vermelha na mão dos afagos de veludo.

Talvez hoje haja consulta, e depois, mas só depois, se fará o regresso!

Naquele reino não há eleições, não há direitos humanos básicos, tais como a liberdade de expressão, liberdade de reunião, o direito à educação igual para todos, etc..

Ao longo dos tempos os EUA apresentam-se como os maiores paladinos dos direitos humanos e, como tal, atacam todos os países de quem discordem sobre a sua organizaçã­o política e económica.

Estes negócios espelham uma grande amizade entre estes dois estados, cuja causa está, exclusivam­ente, nos interesses das grandes empresas dos EUA e não em quaisquer outros.

Num momento em que a Arábia Saudita massacra o povo Iemenita com bombardeam­entos diários, provocando a morte a muitos milhares e ao risco da morte de milhões de iemenitas pela fome, devido ao bloqueio alimentar, pergunto: onde estão os direitos humanos dos EUA? Qual a moral dos EUA para criticar outros países, só porque têm uma organizaçã­o política e económica diferente?

Em política, por vezes, a hipocrisia não tem limites.

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