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Manuel Reis: um pioneiro e um criador

- DUARTE CORDEIRO Vice-presidente da Câmara de Lisboa

Manuel Reis, o mais importante criador da noite de Lisboa, deixou-nos. A Lisboa que hoje conhecemos – cosmopolit­a, moderna, aberta e criativa – não seria a mesma sem a sua visão e imaginação. Devemos-lhe inúmeras noites de pura satisfação e muitas horas de dança. Não tendo eu vivido os tempos áureos do Frágil, nos anos 80 e 90, sei bem que o Bairro Alto, vivo, livre e boémio, só começou depois do Frágil. Sou de uma geração mais nova, que ficou intensamen­te marcada pelo Lux Frágil. O Lux representa o que há de melhor na nossa cidade. Lembro-me de quando estudei em Antuérpia, há cerca de 18 anos, existir uma discoteca muito vanguardis­ta – o Café D’anvers – que os estudantes internacio­nais adoravam. Recordo-me dizer a todos os meus colegas que em Lisboa havia um espaço ainda mais impactante, o Lux Frágil. Um espaço que imediatame­nte se transformo­u numa referência do orgulho lisboeta, que nunca nos cansamos de recomendar pela música, pela magnífica decoração, pela notável comunicaçã­o ou pela sua excelente localizaçã­o. Foi sempre também um lugar que soube atrair artistas quer das artes performati­vas quer das artes visuais. O ambiente existente, os terraços, a vista e a relação com o rio Tejo, tornam-no único e inesquecív­el. Os lisboetas da minha geração criaram um sentimento de pertença por esta criação do Manuel Reis, uma relação que ostentamos com vaidade, a cada vez que falamos da noite da nossa cidade, e a nossa sala de visitas preferida, sempre que recebemos alguém. Um espaço que desde que abriu (faz, este ano, 20 anos) sempre foi um espaço progressis­ta e de liberdade. E isso devemos ao Manuel Reis. Conheci-o mais recentemen­te e fiquei fascinado com a sua elegância e a sua simpatia. Pude, ainda, assistir de perto à sua última criação, no Mercado Time Out – o Rive Rouge. Lisboa teve muita sorte por ter sido escolhida pelo Manuel Reis.

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