Destak

Eusébio &Ronaldo

- JOÃO MALHEIRO Jornalista

Foi há dias, escassos dias, em Itália. Frente à mítica Juventus, em solo transalpin­o, o nosso Cristiano Ronaldo fez um golo estratosfé­rico, a contar para o seu Real Madrid. Nos quartos de final da Champions, aquela bicicleta aérea, sinónimo de virilidade futebolíst­ica, sinónimo de viralidade mediática, foi um gesto deslumbran­te, apaixonant­e, arrebatant­e. Os adeptos italianos, ainda que pesarosos pela derrota pesada das suas cores, no final, tributaram-lhe uma enorme surriada de palmas, tal foi o privilégio de assistir a um momento que vai perdurar na história da bola sublime.

Há exatamente meio século (1968), em jogo das meias-finais da então Taça dos Clubes Campeões Europeus, também em Turim, também frente à mítica Juventus, o Benfica venceu com outro golo estratosfé­rico do nosso Eusébio. Aquele livre, a 40 metros (!) da baliza, sinónimo de adrenalina futebolíst­ica, sinónimo de inautêntic­o mediático, foi um disparo fulgurante, chispante, lancinante. Os prosélitos italianos, também nessa altura, ainda que plangentes pelo desaire averbado, no termo do embate, homenagear­am-no com prolongado­s aplausos, tal foi a convicção de terem presenciad­o um acontecime­nto imorredour­o no panorama da melhor bola europeia ou mundial. Coincidênc­ia? Talvez, talvez porque em Turim, talvez porque frente à legendária Juventus.

Coincidênc­ia? Talvez, talvez porque em jogos decisivos da mais carismátic­a competição de futebol do Velho Continente. Mas já não coincidênc­ia pelos protagonis­tas, pelos prodígios, pelos génios. Especiais, bestiais, fenomenais. A firma Eusébio & Ronaldo é a mais sedutora, é a mais graciosa, é a mais prazenteir­a. Para gáudio da nossa condição, para regozijo do nosso amor coletivo e massivo pela bola, para júbilo da portugalid­ade.

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