Eusébio &Ronaldo
Foi há dias, escassos dias, em Itália. Frente à mítica Juventus, em solo transalpino, o nosso Cristiano Ronaldo fez um golo estratosférico, a contar para o seu Real Madrid. Nos quartos de final da Champions, aquela bicicleta aérea, sinónimo de virilidade futebolística, sinónimo de viralidade mediática, foi um gesto deslumbrante, apaixonante, arrebatante. Os adeptos italianos, ainda que pesarosos pela derrota pesada das suas cores, no final, tributaram-lhe uma enorme surriada de palmas, tal foi o privilégio de assistir a um momento que vai perdurar na história da bola sublime.
Há exatamente meio século (1968), em jogo das meias-finais da então Taça dos Clubes Campeões Europeus, também em Turim, também frente à mítica Juventus, o Benfica venceu com outro golo estratosférico do nosso Eusébio. Aquele livre, a 40 metros (!) da baliza, sinónimo de adrenalina futebolística, sinónimo de inautêntico mediático, foi um disparo fulgurante, chispante, lancinante. Os prosélitos italianos, também nessa altura, ainda que plangentes pelo desaire averbado, no termo do embate, homenagearam-no com prolongados aplausos, tal foi a convicção de terem presenciado um acontecimento imorredouro no panorama da melhor bola europeia ou mundial. Coincidência? Talvez, talvez porque em Turim, talvez porque frente à legendária Juventus.
Coincidência? Talvez, talvez porque em jogos decisivos da mais carismática competição de futebol do Velho Continente. Mas já não coincidência pelos protagonistas, pelos prodígios, pelos génios. Especiais, bestiais, fenomenais. A firma Eusébio & Ronaldo é a mais sedutora, é a mais graciosa, é a mais prazenteira. Para gáudio da nossa condição, para regozijo do nosso amor coletivo e massivo pela bola, para júbilo da portugalidade.