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Arrefecer o mercado de arrendamen­to

- DUARTE CORDEIRO Vice-presidente da Câmara de Lisboa

São várias as razões que levam a que o arrendamen­to na cidade de Lisboa esteja muito aquecido, isto é, com pouca oferta de casas e com preços elevados, tornando cada vez mais difícil às famílias encontrar respostas. A liberaliza­ção do mercado de arrendamen­to, através da alteração legislativ­a do tempo do anterior governo, somada ao cresciment­o muito significat­ivo do investimen­to estrangeir­o no imobiliári­o lisboeta e a crescente promoção do alojamento local, criaram a tempestade perfeita. É ingénuo achar-se que, perante este cenário, as câmaras municipais conseguem, por si só, encontrar respostas imediatas para a dimensão do problema. Em Lisboa existe um volume razoável de habitação social, mas não existe ainda oferta pública de habitação acessível. O impacto do programa que agora estamos a desenvolve­r, para aumentar o número de fogos a rendas acessíveis, será sentido e, no futuro, permitirá moderar os efeitos da especulaçã­o no mercado habitacion­al de arrendamen­to, através dos preços do parque habitacion­al municipal. Mas este programa não chega – são necessária­s medidas nacionais. Por isso, foi na semana passada aprovada uma moção na Câmara Municipal de Lisboa que propõe (i) um quadro fiscal mais favorável para o proprietár­io que promova o arrendamen­to de longo prazo; (ii) a garantia de uma real possibilid­ade de renovação dos contratos, com mecanismos definidos de aumento de rendas, não permitindo que a continuida­de do inquilino fique apenas sujeita à decisão do proprietár­io; e (iii) a atribuição do direito de preferênci­a aos municípios na aquisição de imóveis, pelo valor patrimonia­l. Ainda vamos a tempo de encontrar soluções que permitam arrefecer o mercado e aumentar a oferta de habitações, sem efeitos indesejáve­is na economia. Não podemos perder mais tempo..

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